a irmã Irene Stefani gastou toda a sua vida, de apenas 39 anos, ao serviço da missão em África. Se aos 13 anos revelou aos pais o desejo de ser missionária, aos 15, tendo falecido a mãe, foi forçada a deixar os estudos para ajudar os cinco irmãos
a irmã Irene Stefani gastou toda a sua vida, de apenas 39 anos, ao serviço da missão em África. Se aos 13 anos revelou aos pais o desejo de ser missionária, aos 15, tendo falecido a mãe, foi forçada a deixar os estudos para ajudar os cinco irmãosMoçambique, 1989. Em plena guerra civil, reuniram-se na missão de Nipepe, Niassa, 50 famílias de catequistas para um curso de formação.como testemunho de vida, os orientadores expuseram a figura da irmã Irene, falecida no Quénia bastantes anos antes. Entre 10 e 13 de janeiro, a missão foi atacada por guerrilheiros da Renamo. Cerca de 260 pessoas tiveram que se trancar na Igreja.com o passar das horas, a fome e a sede atormentavam as pessoas, sobretudo as crianças. Que fazer? Invocam a intercessão da irmã Irene, e recorrem aos cerca de seis litros de água da pia batismal. E, sem haver uma explicação natural e plausível, a água deu para, durante três dias, refrescar e matar a sede a todos, e até para lavar uma criança recém-nascida. Foi a mãe Irene que fez o milagre, ela ouviu-nos e ajudou-nos, fomos salvos pela sua intercessão, afirmaram as testemunhas. O fenómeno da multiplicação da água serviu para confirmação da santidade desta irmã, que vai ser beatificada este sábado, 23 de maio, em Nyeri, no Quénia. a irmã Irene Stefani gastou toda a sua vida, de apenas 39 anos, ao serviço da missão em África. Se aos 13 anos revelou aos pais o desejo de ser missionária, aos 15, tendo falecido a mãe, foi forçada a deixar os estudos para ajudar os cinco irmãos. Só quando o pai voltou a casar é que pôde seguir o seu projeto. aos 20 anos, em 1911, entra no Instituto das Missionárias da Consolata que José allamano tinha acabado de fundar, em Turim, na Itália.com 23 anos, em plena 1a Guerra Mundial, parte para as missões do Quénia. Três anos de formação foram suficientes para entender que ser missionária significava debruçar-se, como o bom samaritano, sobre as adversidades dos mais pobres.com heroica abnegação, prestou serviço em vários hospitais militares. alistada na Cruz Vermelha, é enviada, em 1917, para o acampamento hospitalar de Kilwa, na Tanzânia, onde os doentes eram pessimamente assistidos. Sem alimentos nem remédios, rigidamente fechados à mercê dos guardas, e não tendo nada para oferecer aos doentes, oferece-se a si mesma, assistindo com amor os mais graves e mais descuidados. a água era racionada, o calor excedia os 45 graus, e os doentes morriam à sede. Caminhando ao sol abrasador, de tigela na mão, ia suplicar ao armazenista um pouco mais do precioso líquido. a sua atitude humilde desarmava os guardas mais carrancudos, que lhe enchiam a vasilha e se comoviam perante os seus agradecimentos. Os seus gestos tocavam os corações dos doentes e dos enfermeiros. Sem impor nada a ninguém, o ambiente transformou-se. O próprio médico, impressionado, perguntava a si mesmo se essa mulher não era uma louca ou uma criatura do outro mundo. Talvez fosse um anjo revestido de carne humana! Opinião que coincidia com a de outro médico protestante, que dizia: aquela não é uma mulher. É a caridade personificada. Terminada a guerra, voltou para o Quénia, para a missão de Gikondi, onde passou o resto da vida no ensino, na catequese, no serviço aos doentes e moribundos, às mulheres grávidas e aos jovens. Passa as noites, qual secretária dos pobres, a escrever cartas, em nome dos pais analfabetos, aos filhos que estão na cidade a trabalhar. Nestes anos, administra mais de mil batismos, geralmente a moribundos que vela até a morte. Em 1930, feliz por poder oferecer a vida pelas missões, chega ao fim da carreira. Firme e dedicada, junto dos doentes com peste, Irene morre vítima desta doença, em 31 de outubro. a Nyaatha, a mãe de misericórdia, como ternamente a chamavam, vai ter uma multidão de pessoas a celebrar a heroicidade da sua vida, no próximo dia 23 de maio, em Nyeri, no Quénia.