ainda há muitas ditaduras no mundo, infelizmente. E existem regimes autoritários que, sem o radicalismo totalitário do nazismo ou do comunismo, limitam gravemente o jornalismo livre
ainda há muitas ditaduras no mundo, infelizmente. E existem regimes autoritários que, sem o radicalismo totalitário do nazismo ou do comunismo, limitam gravemente o jornalismo livreComo jornalista, custa-me ver o declínio ético da comunicação social nas últimas décadas, em Portugal e no mundo. a emergência da internet, com as redes sociais e os blogues, trouxe muita coisa positiva, mas representou uma ameaça para os media, sobretudo para a imprensa escrita. Os jornais em papel perdem leitores e, por isso mesmo, veem diminuir as suas receitas publicitárias. Daí uma generalizada contração de custos, isto é, menos meios humanos e materiais. Mesmo assim, ninguém sabe se daqui a dez ou vinte anos ainda haverá imprensa em papel.com menos meios e mais concorrência, os media têm hoje poucas possibilidades para investigarem seriamente as notícias. Sendo que a multiplicação de canais noticiosos na televisão e na rádio, bem como os sites na net, com notícias quase em permanência, dificulta qualquer investigação cuidadosa: não há tempo para issoEsta situação leva frequentemente a uma ausência de escrúpulos na atração de telespectadores, ouvintes e leitores. Ou seja, proporciona um jornalismo sensacionalista, baseado na emoção e no escândalo. Mas não se julgue ser este um fenómeno inteiramente novo: desde há um século, pelo menos, que os chamados jornais de referência na Grã-Bretanha vendem cerca de um décimo do que vendem os jornais sensacionalistas (os chamados tabloides), os quais lançam mão de procedimentos muitas vezes condenáveis para obterem notícias ou pseudo-notícias. Recorde-se o escândalo do News of the World, um jornal britânico que teve de fechar, estando hoje na cadeia alguns dos seus dirigentes. Dito isto, importa reconhecer que a comunicação social desempenha um papel essencial em democracia. Por isso as ditaduras não permitem a liberdade de expressão. No tempo do anterior regime em Portugal a censura prévia impedia a publicação de qualquer notícia ou comentário incómodo para o regime. ainda há muitas ditaduras no mundo, infelizmente. E existem regimes autoritários que, sem o radicalismo totalitário do nazismo ou do comunismo, limitam gravemente o jornalismo livre. É o caso, por exemplo, da Rússia. a comunicação social e em particular a televisão está aí quase totalmente ao serviço do poder político, ou seja, de Putin. Por isso a informação que os russos têm do conflito no Leste da Ucrânia é escandalosamente falsa. Na Turquia, que parece caminhar no sentido de um Estado islâmico, há um grande número de jornalistas presos. E certos assuntos são ali tabu – como o genocídio dos cristãos arménios em 1915, de que falou o Papa Francisco, com grande irritação do governo turco. a fracassada Primavera Árabe deu lugar a regimes militares semi-ditatoriais, como é o do Egito, onde a liberdade de imprensa é limitada. Poderia ainda falar-se da Venezuela ou da China, países que não têm um jornalismo independente e livre. E, sem este, não há democracia autêntica.