Recentemente foi notícia o atropelamento e morte de cinco peregrinos que se dirigiam a Fátima. O despiste de um carro na IC2 entre Coimbra e Condeixa, por volta das 4h00 da manhã, foi o causador do acidente que feriu ainda mais cinco pessoas
Recentemente foi notícia o atropelamento e morte de cinco peregrinos que se dirigiam a Fátima. O despiste de um carro na IC2 entre Coimbra e Condeixa, por volta das 4h00 da manhã, foi o causador do acidente que feriu ainda mais cinco pessoasO afluxo de peregrinos que se deslocam a pé ao Santuário de Fátima tem subido substancialmente nos últimos anos. Maio, agosto e outubro são os meses que envolvem um maior número de devotos que se deslocam desta forma para agradecer à Virgem. Concretamente, no que respeita a esta ocorrência, tratava-se de um grupo de 80 pessoas de Mortágua que naquele dia empreendiam a caminhada de fé até à Cova da Iria. Estas mortes vieram engrossar ainda mais os números elevados de atropelamentos que se verificam nas nossas estradas e será oportuno que as autoridades, e as pessoas em geral, comecem a tomar uma maior consciência da gravidade da sua ocorrência sistemática.
Há algo que nos incomoda: a forma com a Lei pune os infratores destes crimes, pois é disso mesmo que se trata. Neste particular ela é excessivamente benévola, pois o causador, ou causadores, de um atropelamento mortal raramente sofrem uma pena superior a três anos, mesmo quando, como neste caso, são várias vítimas. Cremos que é uma lacuna que deveria merecer outra interpretação legislativa, de contrário o número de atropelamentos continuará a aumentar, o que não é justo.
as estradas e caminhos de Portugal são os meios utilizados por grupos dos mais variados pontos do país, uns numerosos, outros mais pequenos. Calcorreiam dezenas ou mesmo centenas de quilómetros, a distância das suas terras até Fátima. Estamos a falar de muitos milhares de pessoas que se deslocam à Cova da Iria para cumprir as suas promessas e agradecer à Virgem, ou simplesmente para pedir a sua proteção.
Com a experiência adquirida ao longo dos anos, sabemos queesses grupos beneficiam de mais organização e até maior apoio de muitas entidades, entre as quais destacamos: corporações de Bombeiros Voluntários; Voluntários da Ordem de Malta; Cruz Vermelha; Caritas e Movimento da Mensagem de Fátima. Por outro lado, já há associações que, em regime de voluntariado, formam guias para acompanhar os peregrinos, outras que procuram abrir novas rotas – mais afastadas das grandes vias – de molde a facilitar uma jornada mais saudável e segura.
Contudo há um aspeto que é muito importante nestes eventos e que é descurado: trata-se da segurança das pessoas durante os percursos. Efetivamente não há uma coordenação de base para esta finalidade, quer das forças de segurança, quer de outras entidades às quais caberia essa função. Já era tempo de definir o papel do Governo, das Câmaras e até de outras entidades, como a Proteção Civil, por exemplo, de molde a criar uma rede de segurança aos muitos milhares de pessoas que circulam a pé nestas condições. O que nós vemos é pouco para aquilo que é necessário. Fica aqui o alerta, não a crítica, mas uma chamada de atenção em prol de tanta gente que merecia outro tratamento. afinal só quando há uma tragédia como a que agora aconteceu em Condeixa, é que as pessoas são alertadas para a segurança, ou a falta dela. Isso não chega.
Peregrinar a Fátima, fazendo-o caminhando, é algo que exige muito e que por vezes extravasa os limites normais da resistência física, e até mesmo psíquica, destas pessoas. Contudo nada as demove do seu objetivo, que afinal tem como fundamento a sua devoção à Virgem Maria. Só por este motivo era necessário que a Igreja visse com outra abertura estes acontecimentos, sobretudo procurando aglutinar um apoio mais concreto para que estes peregrinos possam cumprir os seus objetivos.
O reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, na celebração da missa das 11h00 do sábado do fatídico desastre de Cernache pediu orações pelos seus familiares e particularmente pelas cinco vítimas mortais e pelos quatro feridos graves que se encontram no hospital. O aspeto espiritual é importantíssimo, mas não haverá outros também importantes a merecer outra atenção por parte do Santuário? Fica o desafio.