Declarações do monarca contra a presença de imigrantes desencadearam uma onda de protestos na África do Sul. as associações de migrantes temem o reacender dos ataques xenófobos
Declarações do monarca contra a presença de imigrantes desencadearam uma onda de protestos na África do Sul. as associações de migrantes temem o reacender dos ataques xenófobosEstá instalada a polémica na comunidade estrangeira da África do Sul, depois das palavras do rei dos zulus, Goodwill Zwelithini, em que aconselhou os imigrantes a regressarem aos seus países de origem. Pedimos aos que vêm de fora que, por favor, retornem aos seus países, disse o líder do maior grupo étnico sul-africano, numa altura em se tornaram frequentes os ataques xenófobos contra a numerosa população imigrante. Lamentando o facto dos estrangeiros terem tomado as lojas que antes eram exploradas pelos locais, Zwelithini acusou ainda o governo de não proteger os sul-africanos da grande afluência de imigrantes. O monarca reconheceu que nos tempos do regime segregacionista do apartheid muitos sul-africanos negros se exilaram noutros países africanos, mas sublinhou que não montaram negócios nas nações que os acolheram. as declarações do monarca, cuja autoridade real é reconhecida pela Constituição e financiada pelo Estado, estão a causar mal estar nas organizações de imigrantes somalis, congoleses e de outras nacionalidades. Gabriel Shumba, representante da comunidade de expatriados do Zimbabué, por exemplo, teme que as palavras de Zwelithini provoquem novos ataques contra os estrangeiros. Esta não é a primeira vez que o rei dos zulus, de 66 anos, incendeia a opinião pública na África do Sul. Em dezembro passado, o principal partido da oposição pediu uma investigação aos gastos imprudentes do monarca, depois do governo ter libertado 150 mil euros para financiar a casa real, o que fez aumentar o orçamento anual para 4,8 milhões de euros.