Dois anos depois de rebentar a guerra civil na República Centro-africana, o número de crianças recrutadas por grupos armados multiplicou por quatro. Estima-se que cerca de 10 mil menores estão envolvidos nos combates
Dois anos depois de rebentar a guerra civil na República Centro-africana, o número de crianças recrutadas por grupos armados multiplicou por quatro. Estima-se que cerca de 10 mil menores estão envolvidos nos combates O último relatório da organização não governamental Save the Children é dramático: cada vez há mais crianças a combater na República Centro-africana (RCa). algumas são sequestradas e obrigadas a juntar-se aos grupos armados, enquanto outras acabam por aderir voluntariamente, porque precisam de comer, conseguir roupa, dinheiro ou proteção. Dois anos depois do início do conflito, calcula-se que há cerca de 10 mil menores na frente de batalha. Segundo a organização, as crianças-soldado, algumas de oito anos, são obrigadas a combater, transportar armas ou a exercer tarefas de apoio aos combatentes. São frequentemente vítimas de abuso físico e mental, e obrigadas a matar ou a cometer outros atos violentos. Quando combatíamos, eramos nós, as crianças, que estávamos muitas vezes na primeira linha. Vi muitos dos meus companheiros morrer e presenciei muitas atrocidades, contou um dos jovens, que se uniu a um grupo armado com 15 anos. Para Julie Bodin, responsável da Save the Children na RCa, grande parte das crianças recrutadas passa por coisas que nenhum adulto e muito menos uma criança devia passar, ao assistir à morte de entes queridos, ver as suas casas destruídas e sobreviver em condições extremas de insegurança. E mesmo que abandonem o grupo, acabam por ser estigmatizados ou recusados pelas suas comunidades e enfrentam grandes dificuldades em retomar a vida normal, depois de tanto tempo imersos em violência. Neste sentido, o ativista apela a um maior empenhamento da comunidade internacional na prevenção do recrutamento de crianças-soldado e na sua desmobilização. São necessários mais recursos urgentemente para recompor a vida destas crianças, para reconstruir e fortalecer as escolas, que são a chave para que possam prosseguir em diante. Isto é básico, não só para eles, mas para o futuro do país, refere Bodin.