Num Iraque transtornado pela violência, existem muçulmanos que, mesmo arriscando a vida, ajudam cristãos e yazidis a fugir da fúria jihadista do Estado Islâmico. Para muitos, são conhecidos como os «Schindler muçulmanos»
Num Iraque transtornado pela violência, existem muçulmanos que, mesmo arriscando a vida, ajudam cristãos e yazidis a fugir da fúria jihadista do Estado Islâmico. Para muitos, são conhecidos como os «Schindler muçulmanos»O empresário alemão Oscar Schindler, durante a Segunda Guerra Mundial salvou milhares de judeus na Polónia. a história destas libertações acabou por originar o filme a Lista de Schindler. À Rádio Vaticana, Lorenzo Cremonesi, enviado do jornal italiano Corriere della Sera’ ao Iraque, conta a história de muçulmanos solidários que recordam o gesto desse empresário.

Diz o jornalista que alguns afirmam que foram ajudados, de uma maneira ou outra, por amigos, colegas de trabalho, velhos companheiros de escola, vizinhos de casa, muçulmanos – em geral, sunitas – que residem nos povoados de origem dos cristãos.

Não são muitos – continua Cremonesi – mas posso dizer que encontrei pelo menos uns dez casos de pessoas que, diante de mim, aqui nos campos, nas igrejas, nas escolas cristãs onde estão todos os refugiados recorreram a esta ajuda. O jornalista deu-lhe o nome de Schindler muçulmanos porque, se é verdade que alguns o fazem por dinheiro ou por interesse pessoal, outros fazem-no por verdadeira generosidade.
Quanto aos yazidis, diz o repórter do Corriere della Sera que é um caso realmente dramático. Eles são mortos, as mulheres são todas metodicamente escravizadas… Em alguns casos, tive a impressão de que isto tenha sido feito pelo lucro. Mas também Schindler, o famoso empresário alemão, começou a dar trabalho aos judeus, sob a ocupação nazista, porque eram mais baratos. E depois viu que desta maneira poderia salvar as suas vidas e ele próprio arriscou a vida para colocá-los a salvo.

Um certo número de jovens yazidis foram compradas por alguns muçulmanos, empresários ou homens ricos – pessoas que podiam permitir-se fazer isto -, no chamado mercado dos escravos’ de Mossul e depois foram devolvidas às suas famílias, concluiu o jornalista entrevistado.