Mais de quatro mil Índios celebram a vitória da terra no grande “malocão”de Maturuca, a 320 quilómetros de Boa Vista, capital do estado de Roraima.
Mais de quatro mil Índios celebram a vitória da terra no grande “malocão”de Maturuca, a 320 quilómetros de Boa Vista, capital do estado de Roraima.

Uma vitória sofrida durante 34 longos anos de luta, em que 21 líderes foram assassinados, dá-lhes o direito a habitar a terra onde sempre viveram, na área Raposa Serra do Sol.

a 15 de abril passado, o presidente brasileiro, Lula da Silva, assinou o decreto da homologação, superadas praticamente todas as numerosasbarreiras legais que foram colocadas pelos adversários. as dificuldades a superar foram tantas que, no dizer de juristas e governantes, o caso tornou-se um modelo para outros, cujos processos estão em curso.

a festa iniciou em Maturuca, uma aldeia símbolo, onde há 34 anos os índios assumiram o compromisso de lutar pela sua terra, dizendo não ao álcool, sim à comunidade. Hoje senhores da sua terra, a sua cultura está mais viva do que nunca, demonstram uma grande capacidade de organização e apresentam-se como povos cheios de dignidade e dinamismo.

No grande malocão da homologação, uma maloca redonda construída em apenas um mês para os festejos, ao lado da maloca da demarcação, recebem os convidados de outras comunidades de índios, assim como os amigos do país e do estrangeiro que estiveram ao seu lado nesta longa caminhada.

Dia após dia, entre celebrações e danças, são recordados os passos mais importantes, assim como vários momentos dramáticos da sua longa caminhada.

a festa mostrou a todos e de um modo particular às autoridades, se ainda fosse necessário, a unidade e a capacidade de organização dos povos macuxi, ingarikó, wapichana, taurepang e patamona, que habitam a área homologada da Raposa Serra do Sol.

Nem a malvadez e a insensatez de um punhado de fazendeiros conseguiu toldar a alegria dos índios. Nas primeiras horas da madrugada de 22 de Setembro incendiaram uma ponte, na tentativa de impedir os visitantes de regressarem a Boa Vista após os festejos. Felizmente um chefe da região deu conta do sucedido e acorreu com alguns índios a apagar o fogo.

Ficaram danificadas 40 pranchas de madeira, que impedem somente os autocarros de regressarem a Boa Vista, uma vez que os carros ligeiros, embora com alguma dificuldade conseguem passar. Passadas cerca de 24 horas, apesar de alertadas as autoridades ainda não se mexeram. Os missionários estão a mobilizar uma equipa para reparar a ponte, embora provisoriamente, de modo a dar passagem aos autocarros.

De Maturuca, Roraima: