Padre que tem apoiado a comunidade indígena foi proibido de celebrar missas e recebe com frequência ameaças de morte. Os Índios ficaram isolados e sem acesso aos serviços de saúde
Padre que tem apoiado a comunidade indígena foi proibido de celebrar missas e recebe com frequência ameaças de morte. Os Índios ficaram isolados e sem acesso aos serviços de saúde a comunidade indígena Xakriabá da aldeia de Porcos, município de Cocos, no estado brasileiro da Bahia, está a ser vítima de ataques constantes por parte dos fazendeiros, que tudo têm feito para expulsar os pequenos agricultores e as populações tradicionais de uma das regiões mais rica em recursos hídricos do nordeste do Brasil. Nos últimos meses, os ataques intensificaram-se e os indígenas ficaram isolados, sem possibilidade de acesso aos serviços de saúde. Banhada pelas bacias dos rios Grande, Preto, Corrente e Carinhada, a região oeste da Bahia tem sofrido grande pressão do agronegócio, com o aumento da procura de terras e água para o monocultivo e o desenvolvimento da pecuária para exportação. Esta conquista desenfreada de terrenos acaba por encontrar nas comunidades indígenas uma espécie de entrave’, que os fazendeiros não estão dispostos a tolerar. Por isso, recorrem a pistoleiros para intimidar os indígenas e fazer com que abandonem as terras e desistam de lutar pelos seus direitos. Um dos casos mais recentes, denunciado pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI), está a acontecer com os índios Xakriabá, que foram proibidos pelos fazendeiros de se deslocarem à cidade de Cocos. até os proprietários dos veículos que asseguravam o transporte dos indígenas da floresta para a zona urbana estão impedidos de efetuar o serviço, sob pena de sofrerem represálias. O ano passado, o padre albanir Souza conseguiu um veículo para atendimento médico aos indígenas, o que despertou ainda mais a ira dos produtores, que mobilizaram um grupo de pistoleiros para impedir que a viatura entrasse na aldeia. O sacerdote foi também impedido de continuar a celebrar missas nas áreas rurais do município e sofre constantemente ameaças de morte. Os ataques têm sido denunciados às autoridades mas nem os veículos oficiais escapam à prepotência dos fazendeiros. Recentemente, uma equipa da Fundação Nacional do Índio (FUNaI) deslocou-se à aldeia dos Porcos para averiguar as queixas do índios e o carro em que seguiam foi atingido por disparos de armas de fogo. Entretanto, há famílias separadas devido ao domínio que os pistoleiros exercem sobre as áreas que dão acesso à aldeia, e a maioria das pessoas vive exilada. Quem está na povoação não pode sair e os que estão na cidade não podem regressar. Os fazendeiros e pistoleiros instalaram um estado’ à parte, onde o Estado brasileiro não se impõe e a violação de direitos de cidadãos é flagrante e permanente, lamentam os responsáveis do CIMI.