Depois de minha passagem pela «zona quente» da guerra não declarada, mas também não reconhecida nem considerada por muitos, aumentou a minha inquietação para fazermos alguma coisa pela paz como Igreja
Depois de minha passagem pela «zona quente» da guerra não declarada, mas também não reconhecida nem considerada por muitos, aumentou a minha inquietação para fazermos alguma coisa pela paz como Igreja Passei por Muxungue, vindo do Save, viajando numa coluna de cerca 200 veículos. Conversei com os padres combonianos que trabalham na paróquia de Muxungue, padre José Luis e padre andré. a situação local, com a presença das tropas do exército, não é para nada tranquila. a situação piorou com o reinício dos ataques à coluna. Eles tinham proposto fazer a procissão na festa da paróquia, na Estrada Nacional, mas os cristãos não aderiram à ideia porque têm muito medo. Depois de Muxungue, continuei a minha viagem até Gorongoza, onde tive a oportunidade de partilhar com o padre adérito, diocesano da Beira, a trabalhar na paróquia da Gorongoza. Soube dum campo de refugiados que dia a dia cresce em número das famílias que fogem da guerra. Localmente existe um clima de desconfiança, perseguição, torturas e mortes não esclarecidas. Os representantes políticos da RENaMO desapareceram por medo, o clima é de muita insegurança, com todas as consequências que acarreta na população, na educação, na frequência das escolas e postos de saúde. Já na Zambézia, no distrito de Mocuba, perto do cruzamento para ir a Gurúe, 10 quilómetros antes, aproximadamente, houve uma emboscada a um camião militar que provocou a saída da estrada do mesmo, e houve ali vários feridos por balas, mas também pela manobra da viatura. Essa zona é muito povoada, temo pelas famílias que vivem ali perto, por causa das represálias ou saqueios. Isso acompanhei um pouco porque uns quilómetros antes a polícia pediu-me para dar boleia a um de seus chefes. Embora pareça estar tudo para se concluir na mesa das negociações; dizendo que já assinavam, todavia a guerra não só continua, como até se está espalhando. agora, será que nós como Igreja Católica não poderemos tentar algum gesto mais? Não será que estamos caindo no pecado de omissão? Recebemos o convite para orar junto com o Papa por israelitas e palestinanos, mas não tenho conhecimento de alguma orientação, gesto, palavra, para estas nossas realidades que estão provocando tanta dor e angústia, especialmente nos mais pequeninos, os encomendados com predileção pelo Senhor. *Missionário da Congregação do Santíssimo Redentor e membro da Comissão Justiça e Paz