Estamos no advento! Todas as comunidades da paróquia de Heka, na Tanzânia, pedem para ser preparadas para o Natal. a conversa que escrevo focaliza a situação e a caminhada
Estamos no advento! Todas as comunidades da paróquia de Heka, na Tanzânia, pedem para ser preparadas para o Natal. a conversa que escrevo focaliza a situação e a caminhadaUyanzi, foi a última comunidade a nascer – com 104 cristãos. Durante cerca de 20 quilómetros o percurso pode quase gloriar-se de se chamar estrada. Basta fazer gincana para evitar os ramos dos espinheiros que lhe fazem de tapete. a última hora de viagem é um jogo de desvios entre uma árvore e outra para se poder passar onde houver lugar. atravessamos uns ribeirinhos secos, mas de leito fundo. Pelo que durante a estação das chuvas é impossível chegar a Uyanzi. Olha, lá está a capela! Uns paus e um pouco de palha servem de teto. Nem uma parede sequer. Enquanto as pessoas vão chegando, eu avanço pensativo: deve ser nestes lugares que o Menino gosta de re-nascer. São uma cópia de Belém. Nada de ostentação, nenhum fausto, apenas pobreza. Só a riqueza dos corações que se alegram com a mínima beleza. São espíritos abertos – tal como a capela deles. aqui não é preciso abrir portas para que Cristo entre. Porque aqui tudo é abertura. Tanto a capela como as almas. Confesso que por altura da homilia me sinto embaraçado para tecer um comentário à palavra de Deus. aqui e noutros sítios os tempos estão difíceis. Nem um pingo de chuva nem vagas esperanças de que em breve choverá. E no entanto, aqui tudo clama: chuva! as pessoas, os animais que morrem, a própria terra. Temo não encontrar expressões adequadas à situação concreta.com perguntas e respostas conseguimos fazer com que o Evangelho já proclamado seja uma palavra de coragem e de vida – para mim e para eles. a pobreza é visível por todo o lado. E no entanto, ninguém se aproxima para pedir nada. Mas uma senhora idosa pede-me o catecismo para o poder ensinar aos seus netos. Não o tinha comigo, mas deixei uma promessa. Os seus olhos acenderam-se Tomando as minhas mãos entre as suas, calejadas e sujas, esboçou uma breve genuflexão e não parava de me agradecer: asante, asante, asante! Obrigado, obrigado, obrigado! São cenas que ficam esculpidas na alma para sempre. Uyanzi! aqui tudo é esperança, visto que há bem pouco. abunda a dureza da vida. a das mulheres que nesta altura têm de fazer um trajeto de três horas para irem buscar água. a dos pequenos, que dia a dia têm de caminhar duas horas para chegar à escola. E as muitas crianças são uma esperança.como o menino que nasceu em Belém, a quem São Paulo chamou nossa esperança. a esperança gera o futuro e permite viver. Para muitos, a única riqueza é a esperança!