a autenticidade faz superar tudo aquilo que separa as pessoas de diferentes culturas. E permite alcançar verdadeiros encontros sem máscaras, papéis a desempenhar ou nacionalidades
a autenticidade faz superar tudo aquilo que separa as pessoas de diferentes culturas. E permite alcançar verdadeiros encontros sem máscaras, papéis a desempenhar ou nacionalidades a parábola do bom samaritano é uma bela imagem de missão: conseguir ser irmão de quem antes não se era, porque estava distante e até era diferente de ti. Hoje, com o coração nas mãos, posso afirmar que valeu a pena o esforço de me tornar irmão dos coreanos. E se tivesse que deixar agora este país custar-me-ia tantas lágrimas quantos são os irmãos e irmãs que aqui conquistei. Há 13 anos, a Coreia era para mim um país desconhecido, muito distante, não só no espaço, mas também na cultura, e por conseguinte, também no afeto. Recordo ainda as primeiras impressões daquele três de agosto de 2000, quando cheguei movido pela esperança de realizar o meu sonho de missão na Ásia. Sentia que a simples curiosidade por algo tão novo e diverso não seria suficiente para entrar no coração desta nova realidade. Seria preciso muito tempo, e um grande esforço, não só para aprender a língua, mas principalmente para poder um dia abrir a porta dos corações destas pessoas e com elas criar vínculos profundos de amizade e fraternidade. Foi longo e difícil o percurso que fiz em direção a eles; mas ao mesmo tempo também eles fizeram o mesmo percurso em direção a mim. Foram eles que tornaram tudo mais fácil e me deram a força para ultrapassar todas as barreiras que nos separavam: as professoras que me ensinaram o coreano com uma paciência infinita; a senhora que corrigia as minhas primeiras homilias quase incompreensíveis; os fiéis que suportavam com extrema delicadeza o coreano indecifrável que me saía quando celebrava a missa; os jovens, sedentos de proximidade humana e de se sentirem livres com alguém que os guiasse para Deus. Tempo e ouvidos atentos foi o que, com alegria, ofereci aos meus irmãos coreanos. Este é um dom muito apreciado, dado que na Coreia todos andam super ocupados e não têm tempo para nada nem para ninguém. Em troca, eles deram-me a sua confiança, partilhando as suas preocupações, alegrias e dores. Procurei sempre ser eu mesmo, porque estou convencido de que a autenticidade faz superar tudo aquilo que nos separa: cultura, idade, profissão. E foi assim que se realizou o milagre do encontro verdadeiro, onde não entram máscaras, papéis a desempenhar, nacionalidades. Um encontro de irmãos, de coração aberto. Para mim, esta foi a coisa mais preciosa destes anos: milhares de conversas de coração aberto, que permitiram uma imersão na intimidade e aí, juntos, conseguimos entrever Deus que é mais íntimo a nós do que nós próprios.