Existe um modo equivocado de conceber a morte, na opinião do Papa: para alguns, ela é o fim de tudo, um caminhar para o nada. Tal ideia só pode trazer medo e desilusão

Existe um modo equivocado de conceber a morte, na opinião do Papa: para alguns, ela é o fim de tudo, um caminhar para o nada. Tal ideia só pode trazer medo e desilusão

Existe um ateísmo prático, que é um viver só para os próprios interesses e as coisas terrenas. Se nos deixarmos apanhar por esta visão errada da morte, não temos outra escolha a não ser ocultar a morte, negá-la ou banalizá-la, para que não nos assuste, declarou, na audiência pública semanal, perante dezenas de milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro. a catequese desta quarta-feira, dia 27 de novembro, foi a penúltima sobre o Credo: um ciclo iniciado pelo seu predecessor, Bento XVI, por ocasião do ano da Fé, que já se concluiu no domingo passado. Falando da verdade do Credo Creio na ressurreição da carne, Francisco dedicou esta intervenção ao tema da morte, que diz respeito a todos e interroga o ser humano de modo profundo. Cumprimentando os presentes, começou a gracejar com o frio que se fazia sentir intensamente na Praça de São Pedro, e falou da caridade cristã, da partilha fraterna e da solidariedade com as chagas corporais e espirituais dos outros, como um caminho seguro para a vida. De facto, como gesto concreto de solidariedade e amizade, antes da audiência pública, o Papa tinha-se encontrado na sala Paulo VI com meia centena de crianças atingidas pela síndrome de Rett, uma patologia do foro neurológico, cumprimentando-as uma a uma. Se abrirmos a porta da nossa vida e do nosso coração aos irmãos mais pequenos, então também a nossa morte se tornará uma porta que nos levará ao céu, à pátria feliz, para a qual caminhamos, desejando ficar para sempre com o nosso Pai, com Jesus, com Maria e os santos, sublinhou o Santo Padre. Existe um modo equivocado de conceber a morte, na opinião do Papa: para alguns, ela é o fim de tudo, um caminhar para o nada. Tal ideia só pode trazer medo e desilusão. Contudo, cada um de nós, ao perder uma pessoa amada, experimenta a convicção de que não pode ter acabado tudo. Trata-se de uma sede de vida que encontra na ressurreição de Cristo uma resposta real, que garante uma certeza de vida para além da morte.