Em Moçambique, não obstante a situação que ultimamente se criou, «há ainda espaço para o diálogo e a solução pacífica dos problemas que nos últimos dias conduziram a uma escalada militar»

Em Moçambique, não obstante a situação que ultimamente se criou, «há ainda espaço para o diálogo e a solução pacífica dos problemas que nos últimos dias conduziram a uma escalada militar»
Se é verdade que existe espaço para o diálogo, não se devem subestimar os danos que os ataques esporádicos e limitados podem causar num país que continua a ser frágil. Estas declarações foram feitas à agência de notícias Misna por Mario Raffaelli, presidente da ONG aMREF, e antigo representante do governo italiano nas negociações de 1992 entre a Frelimo e a Renamo, que levaram aos acordos de paz.

O entrevistado acaba de regressar de uma viagem a Moçambique onde foi, através da sua ONG, patrocinar o projeto Stand up for african mothers, para a formação de 15 mil obstetras africanas para o ano 2015. Nesta última viagem teve a oportunidade de ver um clima de maior tensão e preocupação entre as pessoas. Na sua opinião, o que fez despoletar os recentes combates prende-se com as eleições municipais em Moçambique, em 20 de novembro próximo, para eleger cinquenta presidentes de município. além disso, no próximo ano haverá eleições legislativas e presidenciais. a grave crise por que está a passar a Renamo não é indiferente a esta situação. No seu interior, de há dois anos para cá, a divisão entre os ex-rebeldes provocou a fundação de um novo partido, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM). É um grupo jovem, mas ambicioso, que poderia aproveitar esta crise para aumentar a sua influência de tal modo que a velha elite poderia ver-se privada do seu papel político de principal força de oposição. De certeza que os moçambicanos não querem o regresso da violência, diz Mario Raffaelli. até porque de 1992 para cá, Moçambique mudou muito, também graças à descoberta de jazidas subterrâneas de carvão e hidrocarbonetos, que podem converter o país num dos principais exportadores da região. Ninguém deseja afetar a imagem do país nem assustar os investidores estrangeiros que têm aumentado nos últimos tempos.