O ex-rebelde sudanês, John Garang, morreu num acidente de helicóptero nas montanhas do sul do Sudão, na passada sexta feira, 29 de Julho.
O ex-rebelde sudanês, John Garang, morreu num acidente de helicóptero nas montanhas do sul do Sudão, na passada sexta feira, 29 de Julho. Tornara-se o primeiro vice-presidente do Sudão a 9 de Julho de 2005. O acordo de paz, após uma longa marcha guerreira de 22 anos nas montanhas do sul, assinado em Nairobi em Janeiro passado, conduziu-o ao palácio presidencial de Kartun.
De 60 anos, cristão, homem corpulento de passo pesado, John Garang foi um chefe incontestedo do sul animista e cristão. O seu regresso a Kartun, marcou o virar de uma página da mais longa guerra civil em África contra o governo de Omar el Béchir. Demoradas e complicadas negociações, puseram termo a um conflito que conta mais de um milhão e meio de mortos e mais de quatro milhões de refugiados.
as populações do sul têm agora seis anos à sua frente, antes de se pronunciarem, por referendo, se preferem integrar o Sudão unido ou, se pelo contrário, optam pela independência.com a nova constituição transitória, o movimento popular de libertação do Sudão deverá transformar-se em partido político e, entretanto, deverão ocorrer eleições gerais.
Jhon Garang tornou-se, desde o princípio do conflito, um chefe respeitado à frente dos guerrilheiros do sul e interlocutor indispensável com os governos regionais de África e dos Estados Unidos. Nascido em Bor, junto ao Nilo, em 1945, foi uma criança privilegiada, que frequentou uma escola primária da administração britânica. Depois da escola secundária na Tanzânia, inscreveu-se em economia, nos Estados Unidos.
Em Setembro de 1983, depois do general Gaafar Mohammed Nimeiri ter imposto a lei islâmica a todo o Sudão, pegou nas armas contra Kartun. Enviado a Bor, sua terra natal, para acabar com uma revolta de militares descontentes com a imposição, assumiu o comando do 105º batalhão do exército sudanês, que se tornou o núcleo do exército popular de libertação do Sudão.
O regime do general Omar el Béchir, com sucessivas investidas no sul, obriga Garang a refugiar-se junto à frontreira. Valeu-lhe o descrédito em que caiu o regime sudanês, criando inimigos no norte, que se apressaram em juntar-se a Garang, na aliança Nacional Democrática (aND). a eleição de Bush e o apoio dos evangelistas, que simpatizaram com os cristão sudaneses do sul, deram novo fôlego a Garang. Em Outubro de 2002, um cessar-fogo foi assinado entre Kartun e a rebelião sudista. Em Janeiro de 2005, John Garang et o presidente sudanês, Omar el-Béchir, assinam um acordo de paz entre as duas partes.