O governo e os rebeldes do Sudão chegaram a acordo quanto a um tratado de paz. No entanto o conflito continua com a sua crua realidade. Crianças continuam a combater e a ser recrutadas como soldados.
O governo e os rebeldes do Sudão chegaram a acordo quanto a um tratado de paz. No entanto o conflito continua com a sua crua realidade. Crianças continuam a combater e a ser recrutadas como soldados. Riek Torgom, 12 anos, com um uniforme militar demasiado grande e carregando uma arma demasiado pesada para ele está entre as 50 crianças soldado em treino no centro militar de Majak, no sul do Sudão.
“Fui recrutado recentemente”, disse Riek à agência de notícias IRIN em Maio. “Não gosto de nada no exército. Só quero ir à escola, mesmo se estou retido como um militar”.
“Estimamos que há cerca de quatro mil crianças soldado que continuam no SPLM/ a (Movimento/Exército da Libertação dos Povos do Sudão)”, afirma Una McCauley, do Fundo das Nações Unidas para as Crianças (UNICEF).
Pensa-se que outras 10 mil crianças estejam associadas com outros grupos armados na zona, principalmente nas milícias pró-governamentais. Muitos foram escolhidos por chefes locais que organizam o recrutamento.
“as crianças muitas vezes são escolhidas para o serviço militar pelos seus pais, já que estes não podem ou querem ir. as famílias sabem que como crianças têm mais possibilidades de ser desmobilizados pela UNICEF ou outra organização não governamental”, acrescentou McCauley.
Bol Mayok, oficial do SPLM/a, anteriormente o maior movimento rebelde no sul do país, é o encarregado do recrutamento em Majak. afirma que Riek está sob o seu cuidado.
“O meu trabalho é recrutar e treinar os soldados, como me foi ordenado” disse Mayok. “Não tenho poder para libertar ninguém. Se o governo não toma a decisão de os libertar, não posso fazer nada”.
De acordo com o relatório para 2004 da “Coalição para o Fim do Uso de Crianças como Soldados” só no SPLM/ a havia entre 2500 e cinco mil crianças soldado. Os oficiais da Milícia dizem não forçar as crianças a entrar no exército, no entanto condições sociais como a pobreza forçam as crianças a ir para o exército.
Há um processo de desmobilização em curso, mas avança muito lentamente. além disso continua o recrutamento de crianças.
De acordo com a amnistia Internacional (aI) o fenómeno é global, conhecendo-se dados de mais de 85 países. Estas crianças estão expostas a todo o tipo de perigos e sofrimento, tanto fí­sico como psicológico. O continente com uma situação mais crí­tica é a África. Calculam-se mais de 200 mil crianças envolvidas em conflitos armados no continente, algumas com apenas nove anos.