Quando em 11 de outubro de 1962 se abriram as portas do Concílio Vaticano II, o episcopado africano era constituído por 295 prelados. Em 1965, na conclusão da assembleia, o seu número tinha aumentado, contando então 311 prelados
Quando em 11 de outubro de 1962 se abriram as portas do Concílio Vaticano II, o episcopado africano era constituído por 295 prelados. Em 1965, na conclusão da assembleia, o seu número tinha aumentado, contando então 311 preladosPara compreender a ação e o contributo dos bispos de África no Concílio, é conveniente saber quem eram e quais as suas principais exigências. O episcopado em África atravessava um período de transição: os bispos missionários, depois de implantada a Igreja, preparavam-se para ceder a responsabilidade a bispos locais. Estes eram chamados a continuar a tarefa missionária e a consolidar a Igreja. Esta transição efetuou-se sem ruturas com o passado, mas herdando-o e melhorando-o. Bispos missionários Os bispos eram em grande parte de origem europeia, quase todos oriundos das nações que tinham colonizado o continente – França, Bélgica, Inglaterra, Portugal – ou de nações com forte dinamismo missionário – Irlanda, Itália, Holanda. À parte algumas exceções, quase todos os bispos eram membros dos institutos missionários. a maioria chegou à África ainda jovem, tendo sido alguns deles pioneiros da evangelização nos territórios confiados à sua responsabilidade pastoral. Era um episcopado jovem. Sendo pastores de comunidades cristãs de recente fundação, o seu ministério concentrava-se quase exclusivamente no trabalho de implantação das estruturas indispensáveis para o seu crescimento e consolidação. acima de tudo, eram homens práticos, conhecedores dos usos e costumes dos povos de quem eram pastores e animados de grande zelo pastoral. Grande parte dos bispos missionários estava consciente de que tinha cumprido a sua missão e estava disposta a abdicar do seu lugar em favor de bispos locais. Esta era também a posição assumida pelos institutos missionários. Bispos africanos Em 1965 vinte e oito países possuíam pelo menos um prelado nativo, sendo o Congo o país africano com maior número de Bispos autóctones (10). algumas características distinguiam os bispos de origem africana: a idade, a preparação teológica e a prudência pastoral. Era um episcopado muito jovem e de recente formação. Excetuando 15, todos os restantes bispos tinham menos de 50 anos, pertencendo à geração que reivindicou e assumiu a independência do continente. Quase todos tinham sido ordenados nos últimos dez anos, metade dos quais (32) no período preparatório do Concílio (1959-1962). apesar de serem uma minoria, ocupavam já os lugares-chave e assumiam a responsabilidade de dirigir a Igreja Católica a nível nacional e continental. Tinham uma boa preparação teológica. Muitos deles realizaram os estudos teológicos na Europa, sobretudo em Roma, no ateneu de Propaganda Fide. Deste modo, promoção do clero africano ao episcopado não constituiu um fator de contestação da ação missionária e das suas estruturas, nem levou a tentativas de indigenização radical. as ideias que exprimiram na vigília do Concílio em cartas pastorais, entrevistas, artigos não foram particularmente audazes, sendo caracterizadas por grande equilíbrio, insistindo sobretudo no carácter pastoral do Concílio, na necessidade da atualização da legislação canónica, na adaptação litúrgica e dos métodos de evangelização. O facto de o episcopado africano ser heterogéneo, não impediu que se estabelecesse um espírito de comunhão entre os diferentes grupos e sensibilidades e se agisse de forma organizada em prol dos interesses da Igreja Católica que está em África e Madagáscar.