Todos os meses uma conversa nova, uma perspetiva diferente. Queremos dar a conhecer melhor a nossa missão em Soplin Vargas, no Peru, através do olhar de quem tem uma palavra a dizer sobre a comunidade.começamos com um dos primeiros moradores
Todos os meses uma conversa nova, uma perspetiva diferente. Queremos dar a conhecer melhor a nossa missão em Soplin Vargas, no Peru, através do olhar de quem tem uma palavra a dizer sobre a comunidade.começamos com um dos primeiros moradoresNeste simpático espaço da Fátima Missionária queremos partilhar alguns dos momentos mais significativos do que vai acontecendo em Soplin Vargas, onde estamos a desenvolver o projeto de construção de uma maloca comunitária. a missão começa a dar os seus primeiros passos e queremos testemunhar as suas maravilhas com todos os seus amigos e colaboradores. aqui estaremos todos os meses à conversa com alguém que nos falará de momentos marcantes na vida da comunidade e de outros temas relevantes para o trabalho que desenvolvemos deste lado da selva amazónica. Para inaugurar esta rubrica, fomos ouvir aurélio Mori Nunez, um dos fundadores da comunidade, que assinala este ano o 30º aniversário da sua fundação. aurélio, agora com 76 anos, assume-se com um puro peruano. Chegou a Soplin Vargas no ano de 1982. a região era selva pura e o lugar era conhecido como Cajones. até aí, tinha vivido em várias comunidades perto de Soplin, mas nenhuma o encantou. Durante uma das suas longas viagens de canoa pelo rio Putumayo, encontrou um lugar muito bonito, no topo de um pequeno monte e decidiu: vou construir aqui a minha casa. Escolheu um pedaço de terra e mudou-se para Soplin, com a mulher e as três filhas. Construiu uma casa e criou plantações de mandioca e banana-pão. Na altura, viviam apenas 13 pessoas naquela zona. Sentávamo-nos e discutíamos sobre o que iríamos fazer neste lugar. Durante esse tempo enviaram um professor para a pequena escola que construímos, esse professor é que nos uniu ainda mais, éramos 13 mas parecíamos uma só cabeça, recorda. Passados 30 anos, parte dos sonhos destes pioneiros foram cumpridos. a comunidade foi crescendo devagar e hoje tem uma câmara municipal e até banco, adianta o nosso entrevistado. No entanto, nem tudo está como seria desejável. Soplin continua muito isolada. O hidroavião aparece apenas duas ou três vezes por mês e a maioria dos moradores não tem possibilidade de comprar o bilhete.com um sorriso rasgado, aurélio conta que já viajou três vezes na aeronave e não teve medo. Passei o tempo todo a apreciar a linda paisagem, afirmou, pedindo ao presidente da câmara e às entidades administrativas que ajudem mais o povo e melhorem o transporte aéreo para outras cidades do Peru. Soplin Vargas é um município muito pequeno. É constituído por 34 povoações e tem cerca de 600 habitantes. a maioria da população é indígena. ao nível de infraestruturas, tem uma Câmara Municipal, um Centro de Saúde, um Banco, uma Escola e Internato, e diferentes instituições que apoiam o desenvolvimento rural. as pessoas vivem uma rotina muito simples entre o trabalho no campo, a pesca e caça, e os afazeres domésticos. as famílias são alargadas e as jovens têm o seu primeiro filho muito cedo – por volta dos 16 anos. a cultura indígena está muito enraizada e manifesta-se através de rituais e tradições, como a Minga, um trabalho comunitário a favor de uma qualquer família. a nível religioso, a presença católica ainda está a dar os primeiros passos para uma presença quotidiana, em contraste com a presença de algumas igrejas evangélicas.