é possível perdoar ao nosso maior inimigo? E aceitar a reconciliação com quem um dia nos magoou? O padre colombiano Leonel Narváez acredita que sim. E tem provas disso
é possível perdoar ao nosso maior inimigo? E aceitar a reconciliação com quem um dia nos magoou? O padre colombiano Leonel Narváez acredita que sim. E tem provas dissoas Escolas de Perdão e Reconciliação (ESPERE), que fundou há 12 anos, já ajudaram a resolver milhares de conflitos pessoais na américa Latina. O projeto chega agora a Portugal, por iniciativa dos Missionários da Consolata, e a ideia é expandi-lo pela Europa. a história é dramática, mas tem um final feliz. Há uns anos, numa pequena cidade da Colômbia, a beleza de uma jovem com pouco mais de 20 anos, atraiu a atenção de um homem. Levado pela cegueira da paixão, perseguiu-a, tentou seduzi-la e pediu-a em namoro. Sem resultado. a rapariga, mãe solteira, disse-lhe sempre que não. até que um dia, quando passeava o filho, de três anos, o homem voltou a abordá-la na rua, com nova proposta de namoro. Mais uma vez, disse que não. E prosseguiu a marcha. Minutos depois, ouviu três tiros de revólver. E o menino caiu inanimado no chão. O seu pretendente acabara de o matar, enraivecido pela rejeição. O homem foi preso e condenado a pena de prisão. a jovem, ferida nos sentimentos, acabou por ir parar a um curso de perdão e reconciliação. Depois das primeiras aulas, ganhou coragem e foi visitar o assassino. após várias visitas, apaixonou-se, perdoou-lhe e casou com ele. Hoje, têm um filho em comum. Este é apenas um dos muitos exemplos que Leonel Narváez, missionário da Consolata, recolheu ao longo dos últimos 12 anos, a trabalhar com as Escolas de Perdão e Reconciliação (ESPERE), que fundou na Colômbia, a partir da sua experiência como sacerdote, teólogo, filósofo e sociólogo, na reintegração de ex-guerrilheiros das Forças armadas Revolucionárias da Colômbia (FaRC). O projeto já lhe valeu o Prémio Unesco para a Paz, em 2006, e conquistou a adesão de mais de 40 mil pessoas na américa Latina. agora, chegou a vez da implantação em Portugal, como porta de entrada para a Europa. Narváez deu duas conferências, em Lisboa e Porto, em outubro, e deixou construídos os alicerces para a constituição das primeiras turmas de candidatos ao exercício do perdão e reconciliação. Numa altura em que se agrava o clima de tensão económica e social e se antevê o aumento da violência, esta proposta surge como um oásis de esperança no nosso país e, no futuro, também noutras nações no velho continente. O tema do perdão e reconciliação, primeiro que tudo é um exercício pessoal. De experimentar o amor e a presença de Deus que nos habita. No fundo, é a essência da mensagem de Jesus. Porém, é escandalosamente o mais desconhecido na Igreja católica, possivelmente porque se converteu num monopólio dos sacerdotes e dos bispos. Neste sentido, o projeto procura também recuperar uma certa ignorância da Igreja em relação à teoria e metodologia do perdão e da reconciliação, disse Leonel Narváez à Fátima Missionária. Um pobre com raiva é pobre duas vezes. ao contrário, quem consegue entender as tragédias da vida com otimismo e alegria, consegue sair com mais facilidade dos maus momentos. O convite que faço a Portugal e à Europa, que estão nesta fatalidade económica, é que criem saídas otimistas e solidárias para superar a pobreza e o desastre financeiro, sublinhou o sacerdote.