Barabarani. a palavra não tem nenhuma relação com o Barrabás do Evangelho. é um vocábulo Swahili que, segundo o contexto, significa: pelo caminho ou no caminho. é também o nome de uma criança que nasceu a 19 de janeiro de 2006. Vou contar
Barabarani. a palavra não tem nenhuma relação com o Barrabás do Evangelho. é um vocábulo Swahili que, segundo o contexto, significa: pelo caminho ou no caminho. é também o nome de uma criança que nasceu a 19 de janeiro de 2006. Vou contarEstou de partida para Mpola, onde deverei celebrar a Eucaristia de abertura do ano escolar para os alunos, a fim de que o Mestre seja a sua força e os abençoe. Mas é sobretudo uma oportunidade privilegiada para fazer um pouco de catequese. Vêm informar-me que junto à ponte nasceu uma criança. Não duvido nem sequer um momento. Parto para a assistir. Em Mpola ninguém se admirará se eventualmente o padre chegar atrasado. Junto da ponte? Enfio-me dentro da floresta que traz ainda as marcas da interminável seca. ao pai que veio trazer-me a notícia pergunto de vez em quando se estamos a chegar. É supérfluo. aqui as distâncias medem-se com outros metros. a resposta é sempre a mesma: ainda um pouco. Mas são quilómetros a um certo ponto manda-me parar lá onde a parturiente deu à luz o seu tesouro. Procura e chama, mas ninguém responde. Voltamos para casa. Duas mulheres tinham-na assistido e levado para casa. a mãe e a criança estão em boas condições, mas é oportuno que sejam levadas ao dispensário da missão. a mulher é Sukuma. Não consegue exprimir-se bem em Swahili, e por isso deixo-a em paz e fico a pensar. Penso na força desta jovem mamã. Nunca teria pensado que pouco antes tivesse dado à luz. Nenhuma marca de sofrimento. É dura a sua vida. Devido à estiagem, quem sabe quanta distância terá feito para ir buscar a água. E agora que chegaram as primeiras chuvas deve sachar e semear. É impensável poupar-lhe esta fadiga! Ouso perguntar-lhe se já sabe como vai ser chamada a criança. Responde-me: Barabarani. Não preciso de lhe perguntaor o motivo. Já o imaginava. O nome reflete as circunstâncias e o lugar do nascimento: nasceu no caminho Será essa a sua identidade. Barabarani, envolvido em panos, sobre os joelhos da mãe, está ao meu lado. De vez em quando olho para o seu rosto ainda amarelento. Sem um vagido sequer. Não chora. Terá por acaso, por antecipação, aquela enorme capacidade dos africanos – que não deixa de me maravilhar – de suportar a dor física e moral? Barabarani não o sabe, mas eu penso também nele e falo-lhe: Cresce bem. Sê forte e laborioso como a gente da tua tribo. Pastoreiam e cultivam com energia. Todos o dizem. Não sei se os teus pais são católicosBarabarani, oxalá possas um dia encontrar o Senhor, que é Caminho, conhecê-lo como Verdade e ser iluminado por Ele, que é Luz. Renascerás. Não na estrada… mas do seio de uma outra mãe, a Igreja. agora és um Sukuma. Então serás filho de Deus. agora pertences à família alargada. Então pertencerás à família – a Igreja – espalhada por todo o mundo. Barabarani dorme.