Em Swahili, o embondeiro chama-se «mbuyu». Dado que tem uma atração muito sugestiva, deu nome a várias associações e instituições e pode suscitar meditações importantes sobre a nossa forma de encarar o mundo
Em Swahili, o embondeiro chama-se «mbuyu». Dado que tem uma atração muito sugestiva, deu nome a várias associações e instituições e pode suscitar meditações importantes sobre a nossa forma de encarar o mundoPoucos ou muitos, na Tanzânia há embondeiros por toda a parte. Em Bagamoyo há um que, com 11 metros de circunferência, é frequentemente abraçado por grupos de turistas. Viajando em direção a Iringa, há uma larga faixa de estrada que se chama precisamente vale dos embondeiro. Parece que têm aí o seu húmus ideal. Revestidos de largas folhas, são majestosos durante a estação das chuvas. E mais maravilhosos são ainda quando tudo está seco, e eles, totalmente visíveis, levantam-se soberbos no meio da savana. O embondeiro produz em mim muitas reflexões. as suas flores são poucas, pouco visíveis e nada perfumadas. Os seus frutos não são comestíveis. Não tem raízes muito profundas, pelo que, quando é velho e corroído, cai facilmente e aí fica por muito tempo como um gigante morto. Efetivamente, a sua madeira de esponja não serve nem para o fogo nem para traves. Dá-me a sensação que o embondeiro é só aparência, sem nenhuma utilidade. Foi por isso que no vale dos embondeiros disse um dia a um meu confrade botânico: a primeira pergunta que irei fazer a Deus quando o encontrar… será porque é que criou o embondeiro. Uma resposta encontro-a já na Bíblia quando afirma que todas as coisas foram criadas para uma finalidade (Sir 39, 26). Ou então quando poeticamente se exalta a beleza de todas as criaturas. São maravilhosas as expressões do Livro da Sabedoria, de Ben-Sirá e dos Salmos! Mas, como famoso botânico que é, o meu confrade revelou-me a encantadora economia ecológica do embondeiro, fruto não do acaso, mas da Sabedoria criadora. Sem esquecer igualmente as qualidades terapêuticas das folhas, das raízes e dos frutos. Tive que reconhecer a minha ignorância, maravilhar-me com as explicações, louvar a Deus pela utilidade e beleza das suas criaturas e valorizar o embondeiro, inspirador das minhas reflexões. aqui ficam algumas. Que haja pessoas que não passam da aparência, não se pode negar. É difícil descobrir personalidade por detrás da exterioridade com a qual alguns querem mostrar-se. Também é verdade que por detrás da humildade e da modéstia muitas vezes se esconde uma encantadora riqueza de espírito. Há coisas que se evidenciam também na África: a sabedoria dos anciãos, a solidariedade entre os pobres, a bondade elegante, a intuição penetrante. Muitas vezes as coisas – mas também as pessoas – são avaliadas em relação à sua utilidade e beleza, tal como fiz eu a respeito do embondeiro. Mas a natureza não pára no visível. Possui os seus segredos e encantos, que é um dom poder descobrir, mas que não devem ser abusados. Ou então, quebrando o seu encanto e o equilíbrio, o futuro se empobrece em variedade e beleza. Por mais ineficaz que nos pareça, nenhuma missão é inútil, e todas são para favorecer a reconciliação, fortalecer o amor, potenciar a vida e elevar a dignidade. Ninguém é inútil, e todos somos chamados a exprimir ao máximo os dons recebidos, que são um tesouro para a família, a Igreja e a sociedade. agradeço ao embondeiro, que eu pensava redundante. a sua aparente inutilidade conduz-me a reflexões pascoais.