Parece que muito longe vão os dias em que homem e mulher se declaravam um amor para sempre que, apesar das dificuldades, era vivido por muitos e muitos anos. Hoje a situação mudou muito
Parece que muito longe vão os dias em que homem e mulher se declaravam um amor para sempre que, apesar das dificuldades, era vivido por muitos e muitos anos. Hoje a situação mudou muito

Não é preciso esforçar-se muito para entender que o amor eterno parece ter os dias bem demarcados. No seu evangelho, Jesus deixa uma instrução bem clara a este propósito.

Fariseus, uma vez mais… Decididos em colocar Jesus em dificuldade, os fariseus (especialistas na Lei) apresentam uma questão ao Mestre de Nazaré: Pode um homem repudiar a sua mulher?. a Lei de Moisés permitia o divórcio (Dt 24), no entanto, não era muito específica sobre os motivos que levariam ao divórcio. Por esta razão, eram diversas as opiniões sobre o assunto. No tempo de Jesus havia duas escolas de pensamento que divergiam nesta abordagem. a escola de Hillel era bastante permissiva e entendia que qualquer motivo era válido para o homem poder repudiar a mulher. Já a escola de Shammai era bem rígida e somente permitia o divórcio no caso de adultério ou de má conduta da mulher. Para ambas as escolas, a mulher poderia obter o divórcio apenas no caso do marido estar afetado pela lepra ou ter um ofício repugnante. ao interrogar Jesus, a intenção dos fariseus era jogar numa ou noutra posição, para assim poderem entrar em conflito. É importante recordar que Jesus está em território de jurisdição de Herodes, o qual vivia numa relação ilícita. É provável que haja aqui também um desejo de demonstrar que Jesus era inimigo de Herodes.

Jesus responde a resposta de Jesus escapa ao desejo dos fariseus. Ele não se posiciona a favor de uma ou de outra escola. Vai apresentar o desejo original e ideal do Pai. Pois, Deus sonhou para o casal um amor que seja para sempre. a realidade do divórcio só pode ser entendida pela dureza do coração, mas não como desejo do Pai. Citando o livro da Génesis (1,27 e 2,24),Jesus apresenta aos interlocutores o projeto do Pai. O sonho de Deus é que homem e mulher, unidos pelo amor, formem uma comunidade de vida estável e indissolúvel. O divórcio é uma realidade que não faz parte deste sonho, mas que acontece pela dureza do coração humano.

a realidade do divórcio afeta hoje muitas famílias, ao ponto de estarmos perante uma realidade que há alguns anos não existia.como cristãos não podemos descriminar os divorciados, mas devemos ser uma comunidade compreensiva, capaz de os acolher para que continuem a sentir-se parte da família cristã.

Jesus e os pequenosO evangelho termina com Jesus que adverte os seus discípulos para permitirem que as crianças se aproximem. Trata-se de uma imagem muito simpática. Hoje as crianças ocupam o primeiro lugar da sociedade. Naquele tempo as crianças eram vistas como um problema, pois eram seres dependentes. O ensinamento de Jesus é claro. Contrapondo as crianças à atitude autoritária dos fariseus, Jesus ensina que os seus discípulos devem ser semelhantes às crianças e não aos fariseus. a simplicidade e a transparência destes pequenos é algo que deve ser imitado. Este é o caminho que leva ao Reino de Deus, contrariamente ao caminho dos que se julgam autossuficientes. O discípulo de Jesus é aquele que reconhece precisar de Deus para a sua vida. Sabe que este precisar de Deus é algo que dá razão de ser à sua vida.