arcebispo emérito de argel, especialista em diálogo inter-religioso, teme que a contestação ao filme feito por um americano e às caricaturas publicadas por uma revista francesa, a ridicularizar o Islão, ponham em perigo a vida de cristãos inocentes
arcebispo emérito de argel, especialista em diálogo inter-religioso, teme que a contestação ao filme feito por um americano e às caricaturas publicadas por uma revista francesa, a ridicularizar o Islão, ponham em perigo a vida de cristãos inocentes O respeito não se consegue através da violência. Henri Teissier, arcebispo emérito de argel e profundo conhecedor da situação da Igreja Católica no mundo árabe, está preocupado com a onda de violência desencadeada pela divulgação na internet do filme a inocência dos muçulmanos e a publicação de caricaturas de Maomé, numa revista francesa. Num e noutro caso, os autores aproveitaram para ridicularizar o Islão, o que provocou a ira nos países muçulmanos e deu origem a um crescente movimento de protesto, com manifestações contra os franceses e norte-americanos, muitas delas envolvendo confrontos com a polícia e atos violentos. O desejo de vingança pode colocar em perigo milhares de cristãos inocentes. Sabemos que há no Egito cerca de 10 milhões de cristãos coptas e este homem, que está nos Estados Unidos da américa, pode, através desta película, provocar grandes dificuldades a muitos deles, exemplificou o arcebispo, em entrevista à Fátima Missionária, sustentando que as discordâncias em relação ao filme e às caricaturas deviam ser resolvidas nos tribunais e não nas ruas, através da violência. Se querem conquistar o respeito, devem atacar os autores [do filme e dos desenhos] na justiça americana e francesa, em vez de estarem a pôr em causa a integridade física ou a vida de pessoas inocentes, sublinhou. O livro sagrado do Islão, de resto, defende isso mesmo. De acordo com Henri Teissier, atacar inocentes é um pecado reconhecido pelo Corão, que diz que matar uma pessoa é como matar toda a humanidade e salvar uma pessoa é como salvar todas as pessoas. Neste sentido, o arcebispo considera que tanto têm culpa os que não respeitam os sentimentos sobre o sagrado, como os grupos extremistas que se aproveitam destes atos para convocar o povo muçulmano para a rua, incitando-o à violência, muitas vezes contra cidadãos que nada têm que ver com a situação. Temos que respeitar os outros, especialmente, os seus sentimentos sobre o sagrado. Se não os respeitamos, podem resultar coisas muito perigosas para a paz entre os homens, afirmou o arcebispo emérito de argel, que esteve em Portugal a convite dos Missionários da Consolata para uma série de conferências sobre o diálogo inter-religioso e a sua experiência com os monges do Mosteiro de Tibhirine (argélia), raptados e assassinados por um grupo terrorista de matriz islamista, em 1996. No entender do prelado, os responsáveis pelo filme e pela publicação das caricaturas devem assumir as consequências dos seus atos. E os chefes muçulmanos têm a obrigação de aconselhar os seus seguidores a não responderem às provocações com violência. Mas não é isso que está a acontecer em muitos dos países. Esta sexta-feira, 21 de setembro, dois cinemas foram incendiados na cidade de Peshawar, no Paquistão, por centenas de manifestantes em fúria. Os paquistaneses declararam o dia de hoje como o dia de amor ao profeta para protestar contra o filme anti-islâmico.