“Tende coragem! Não vos assusteis. aí­ está o vosso Deus. Ele próprio vem salvar-nos”, proclama a primeira leitura da Eucaristia do 23º domingo comum. O mundo está a ensurdecer no seu contacto com o Espírito de Deus
“Tende coragem! Não vos assusteis. aí­ está o vosso Deus. Ele próprio vem salvar-nos”, proclama a primeira leitura da Eucaristia do 23º domingo comum. O mundo está a ensurdecer no seu contacto com o Espírito de DeusDo evangelho: Trouxeram a Jesus um surdo que falava com dificuldade e suplicaram-Lhe que lhe impusesse a mão. Prossegue o texto: Jesus tocou-lhe com o dedo nos ouvidos, ergueu os olhos ao céu, suspirou e disse: Effathá’, que quer dizer, abre-te’. abriram-se ao surdo os ouvidos e desfez-se a prisão da língua e começou a falar corretamente. a surdez física no mundo atual é uma realidade cada vez mais alarmante. Já há mesmo cientistas que nos dizem que a maior poluição dos nossos dias é o barulho que produz uma tensão perigosa no cérebro. Dizem-nos mesmo que no futuro vai aumentar muito a percentagem de pessoas que cedo na vida vão sofrer de surdez, mesmo quando jovens. Basta vermos a quantidade de pessoas que trazem sempre os ouvidos atafulhados de engenhocas que levam ao cérebro toda a sorte de músicas e outros sons, que pouco ou nada nos dão de positivo a maior parte das vezes. É estranho que tanta gente e organizações nos queiram sempre dizer quem somos nós e o que devemos fazer.com toda esta barulheira infernal, a realidade é que há hoje mais surdos do que nunca: surdos ao bom senso, à voz silenciosa e materna da natureza, aos gemidos dos tristes, ao choro dos desesperados, às aspirações justas de tantos filhos e filhas de Deus. Tantas vezes somos uma raça estranha, nós membros da humanidade. Sob vários aspetos, muito está o mundo a ensurdecer em relação ao seu contacto com o Espírito de Deus que mora naqueles que procuram viver a sua filiação divina. Continentes inteiros, como a Europa, parece terem diminuído o seu contacto com a divindade e as suas expressões neste mundo que é um dom da divindade. Membros dos everestes da finança mundial vêm dizer-nos como devemos viver, se queremos viver. Essa maneira de viver que nos impõem, torna-nos verdadeiros escravos do seu, às vezes, pingue bel-prazer. É também certo que estas circunstâncias estão a acordar muita gente para uma escuta mais séria do Senhor Jesus que suspira e nos diz: Effathá!: abre-te ao meu Espírito, deixa-me encher-te dos meus dons, acorda para a vida que te mostra a vontade de Deus. Celebramos sexta-feira, 14 de setembro, a festa da Exaltação da Santa Cruz de Cristo. Sim, é verdade que para quem vive o mistério, mesmo a cruz se transforma em glória, em apoio seguro para um discernimento mais apropriado do significado dos eventos da vida de hoje. Nossa e da história. Se tal é o nosso quinhão, carreguemos com a cruz, mas de olhos sempre cravados na vitória da ressurreição que será nossa, no campo material e espiritual. Disso nos convençam a paciência e a esperança.