Comunidades indígenas estão a ser retiradas das suas terras pelo governo etíope, para abrir caminho a novas plantações de cana-de-açúcar. Os residentes que mostram resistência são detidos ou espancados
Comunidades indígenas estão a ser retiradas das suas terras pelo governo etíope, para abrir caminho a novas plantações de cana-de-açúcar. Os residentes que mostram resistência são detidos ou espancados O governo da Etiópia está a expulsar as comunidades indígenas do vale de Omo, sem consulta prévia nem indemnização, para abrir caminho a novas plantações de cana-de-açúcar administradas pelo Estado, denunciou esta semana a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW). No comunicado, são revelados os planos governamentais para o vale, que incluem canais de irrigação, fábricas de processamento de açúcar e 100 mil hectares de terreno destinados a outras explorações agrícolas comerciais. Segundo a HRW, as forças de segurança estão a obrigar as comunidades a abandonar as terras, através da violência e intimidação, colocando em risco o seu estilo de vida, pois não há lugar a indemnizações nem foram criados meios alternativos de subsistência. Os que se opõem ou mostram resistência aos planos de desenvolvimento têm sido presos, detidos arbitrariamente ou espancados pelos funcionários do governo. Os ambiciosos planos da Etiópia para o vale de Omo parecem não ter em conta os direitos das pessoas que ali vivem, afirmou Ben Rawlence, da Human Rights Watch. Não existem atalhos para alcançar o desenvolvimento. as pessoas sempre dependeram dessas terras para a sua subsistência e é preciso respeitar os seus direitos de propriedade, incluindo o direito de ser consultado e receber uma compensação, adiantou o responsável. O vale de Omo foi classificado Património Mundial pela UNESCO, em 1980, e alberga cerca de 200 mil pessoas, de oito comunidades, que se dedicam às atividades agrícolas e pecuárias. O estilo de vida e a identidade destes povos estão intimamente relacionados com a terra e o acesso ao rio Omo.