Presidente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) lamenta que os povos indígenas continuem a viver num contexto de abandono por parte do governo brasileiro
Presidente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) lamenta que os povos indígenas continuem a viver num contexto de abandono por parte do governo brasileiro O Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas do Brasil referente ao ano de 2011 não engana. as comunidades continuam a sofrer com o racismo, genocídio, danos ambientais, morosidade na regularização das terras e morte por falta de assistência na área da saúde. Precisamos que os dados não fiquem apenas nas estantes de livros, mas que ocupem corações e mentes. atualmente os índios vivem sob um contexto de abandono por parte do governo e da Funai, afirmou o bispo Erwin Krautler, presidente do CIMI, na sessão pública de apresentação do documento. Os dados recolhidos apontam para uma média anual de 55 assassinatos de indígenas, entre 2003 e 2011. O ano passado registaram-se 51 vítimas. O nosso serviço não é de caridade assistencialista, mas aos nossos irmãos e irmãs que possuem seus direitos renegados. a nossa sensação é de que os conflitos têm aumentado, reiterou o secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), organismo que superintende o CIMI. Em relação ao atraso na demarcação e homologação de terras indígenas, o relatório considera que a morosidade contribui para que os povos fiquem vulneráveis, uma das principais causas dos danos ambientais. Em 2011, foram homologadas apenas três terras pela presidente Dilma Rousseff. Temos constatado um ritmo bastante lento no processo de demarcação. Em 1992, Fernando Collor pretendia levantar a bandeira ambiental, pois o Brasil recebia a Eco 92, e demarcou 128 terras indígenas, enquanto que no governo de Lula apenas 88 foram demarcadas, referiu Lúcia Helena, coordenadora do estudo. No campo da saúde, o caso dos povos indígenas do Vale Javari, no estado do amazonas, foi apresentado como exemplo da falta de atendimento adequado. Na nossa aldeia, 82 por cento dos indígenas estão infetados com hepatites virais. Há doenças que nossos pajés não sabem mais como curar. Nosso território está sendo invadido por fazendeiros, madeireiros e narcotraficantes, lamentou Jader Marubo, presidente da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari.