“Fome ou fartura” poderia ser outro título para este texto. No Quénia, as chuvas de abril falharam e começa-se a falar em carestia. Soluções há muitas, mas só verbais. Será que só Deus nos pode valer?
“Fome ou fartura” poderia ser outro título para este texto. No Quénia, as chuvas de abril falharam e começa-se a falar em carestia. Soluções há muitas, mas só verbais. Será que só Deus nos pode valer?Depois dos grandes acontecimentos dos últimos meses e dessas lutas ciclópicas e universais entre conservadores “retrógrados” e progressistas “iluminados”, dou comigo a pensar em chuva e pão.

Na Quinta-feira Santa choveu. Era ainda Março. Houve júbilo no país. a estação das chuvas curtas que normalmente chega em abril, vinha um pouco adiantada, mas era bem vinda.

Para consternação geral não choveu mais coisa digna de nota durante abril. Os peritos continuaram a informar que sim, que havia chuvas dispersas em alguns lugares do país ” quem sabe lá quais ” mas que de facto essas chuvas eram escassas. O que, traduzido para o calão popular, queria dizer que vai haver fome em muitas zonas do país.

Os políticos apressaram-se a acalmar os cidadãos, informando que temos reservas estratégicas suficientes para responder a qualquer carestia, e que a estação das chuvas ainda pode vir, embora com atraso. Diga-se que, se não chover, a fome só chegará lá para Julho. Não nos apressemos a ser profetas da desgraça!

De ontem para hoje, ou seja no último dia de abril e nas primeiras horas de Maio, choveu abundantemente em Nairobi e renasceu a esperança. Pode ser que ainda haja chuvas curtas e que a fome seja evitada.

Medito nesta tragédia. De se dever dizer como se diz: “Estamos nas mãos de Deus e só Ele pode evitar a carestia”. Fico perplexo. Diante do tormento da fome, para o qual os pequenos não podem e os grandes não querem encontrar soluções, tem que parecer estranho um “Deus” que nos nega a única solução que vemos como possível, a chuva, ou um governo que fala de “reservas estratégicas”, ou até mesmo uma Igreja que reza: “O pão nosso nos dai hoje”.

Não sou pessimista nem fatalista, mas lá vou dizendo: “Senhor, fazei que chova esta noite, e na outra e na seguinte. Livrai os vossos filhos da fome. amen”.

tobias. oliveira@fatimamissionaria.pt