Uma cruz no horizonte! a cruz é o “prémio” para quem aceita viver na fidelidade ao amor, pois o amor torna os “amantes” pessoas incómodas. De sinal de derrota máxima, a cruz torna-se em sinal de vitória e de glóriaUma cruz no horizonte! a cruz é o “prémio” para quem aceita viver na fidelidade ao amor, pois o amor torna os “amantes” pessoas incómodas. De sinal de derrota máxima, a cruz torna-se em sinal de vitória e de glóriaapós uma vida gasta a levar o amor de Deus aos outros, Jesus descobre que o coroar desse amor o levará até ao monte calvário. a cruz é o prémio que Jesus recebe pela vida que viveu. Pode parecer uma contradição. E creio que o seja! Uma vida gasta ao serviço do amor, não se espera que seja premiada com uma cruz, mas com uma menção honrosa, no mínimo. Porém, não foi assim que aconteceu. Esta contradição é vivida de forma exemplar na liturgia do próximo domingo: Domingo de Ramos. a liturgia inicia com a leitura do evangelho da entrada gloriosa de Jesus em Jerusalém, enquanto que na celebração eucarística terá lugar a narração da paixão de Jesus. Passamos da multidão que grita, aclama e festeja a entrada de Jesus, para uma multidão que grita crucifica-o, logo de seguida. Tal contradição é muitas vezes sentida na nossa vida do dia a dia. a pessoa humana é capaz de coisas maravilhosas, mas também de coisas monstruosas. O exemplo de JesusComo cristãos somos convidados a olhar para o exemplo de Jesus e a imitá-lo em nossa vida. É isso que significa seguir Jesus, é percorrer os seus passos, é viver a vida ao seu seu estilo. Para o conseguir é preciso, como lemos bem no início da Quaresma, ir até ao deserto. É aí que acontece um momento fundamental: as tentações. Foi no deserto que Jesus foi tentado. as tentação mais não são do que escolhas, opções que Jesus teve que fazer e que depois procurou viver na sua vida. Em termos muito simples, no deserto colocam-se perante Jesus duas possibilidades: escolher a proposta de fidelidade ao projeto de Deus ou escolher a proposta de Satanás. É evidente que, como cristãos, é uma escolha fácil. Na nossa mente Satanás é algo aterrador, desagradável. Mas a sua proposta é muito tentadora: poder, glória, autossuficiência. No fundo, a escolha é entre o querer precisar de Deus e o ser autossuficiente. Jesus escolhe ser fiel ao projeto do Pai. Engane-se quem pensa que a tentação acabou ali. O evangelista Lucas anota no seu evangelho: O diabo afastou-se para voltar numa hora oportuna (Lc 4,13). a intenção é recordar que a tentação acontece no momento que o tentador acha oportuno. No momento em que menos esperamos e, talvez, naquele que poderíamos considerar o pior momento. O objetivo do tentador é vencer. a fidelidade ao caminho proposto por Jesus não é fácil. Deixar-se corromper pelas propostas apetecíveis do tentador é algo que pode estar logo ali, ao virar da esquina. Fidelidade que leva à cruzFoi na fidelidade às suas opções que Jesus viveu a sua vida, assim, levou uma nova mensagem de amor de Deus a todos que O aproximavam. Esse estilo de vida, aparentemente inofensivo, valeu-lhe inimigos grandes entre as autoridades religiosas do seu tempo, que em nada ficaram agradadas com a nova mensagem. Jesus tornou-se um incómodo que era necessário eliminar. Eis então que procuram um modo de o eliminar. Daqui até à cruz sabemos que foi um passo rápido. Cruz derrota ou vitória?Mas o que significa a cruz para Jesus? Será que Deus queria a cruz para o seu filho? a cruz significa para Jesus a fidelidade ao plano de amor. No fundo, é a consequência lógica de uma vida vivida, espalhando o amor. a cruz é sofrimento, mas é essencialmente amor, porque amar é muitas vezes sofrer. Um sofrimento que é aceitável somente porque por detrás existe o amor. a cruz é a prova última do grande amor, que é capaz, mesmo no sofrimento, de pedir perdão por aqueles que lhe infligem o sofrimento. Deste modo, a cruz torna-se sinal de vitória. Estamos de novo no campo da contradição: cruz sinal da derrota máxima no tempo romano, torna-se, para os cristãos, sinal máximo da vitória. O que levará Paulo a concluir: Mas em todas essas coisas somos mais que vencedores (Rom 8, 37). Boas celebrações rumo à vitória do amor… Na cruz de Jesus!