a partir de 16 de fevereiro, quinta-feira, turistas e soteropolitanos comemoraram o Carnaval. Sete dias de festa para os cidadãos da cidade de Salvador (também chamados soteropolitanos), que só terminou quarta-feira de cinzas, a 22
a partir de 16 de fevereiro, quinta-feira, turistas e soteropolitanos comemoraram o Carnaval. Sete dias de festa para os cidadãos da cidade de Salvador (também chamados soteropolitanos), que só terminou quarta-feira de cinzas, a 22Com a folia «momesca, o horário de funcionamento de muitos estabelecimentos foi alterado. Em quase todas as culturas há rituais de rompimento com as normas, com as regras. E o carnaval é um desses rituais. Dentro da cultura do cristianismo, o ano começa a 1 de janeiro. Mas, a nível mais arcaico, podemos considerar que o ano começa depois dessa quebra das regras. acabámos de testemunhar e vivenciar o tempo do carnaval, ou tempo do ritual de quebra de regras, um tempo para revigorar as próprias regras. O ano só começa quando as regras forem restituídas novamente. Isso acontece muito especialmente aqui, no Nordeste do Brasil, mais concretamente em Salvador, em que o carnaval é extremamente vivo.
as pessoas têm o sentimento de que o ano ainda não começou até passar o carnaval. Já dizia Frei Tito que o fenómeno do ano começar depois de carnaval está dentro da cultura latina. Uma cultura influenciada pela cultura católica que valoriza muito os ciclos. O cristianismo enquanto tal reassumiu muitas das realidades religiosas e culturais pré-cristãs da Europa e foi fazendo um trabalho de re-significação dessas práticas e desse modo de viver. a verdade é que, em geral, as mudanças, são bem-intencionadas, visando alterações para algo melhor, como começar um novo projeto. Sendo estas intenções salutares, resta às pessoas apegarem-se, de forma mais efetiva, à força de vontade e fazerem avançar os projetos de ano novo.

a festa é gratuidade e veste-se de cores, canções, dança, sonhos e utopias. É o segredo que dá força ao povo que sofre. a gratuidade é a virtude que dá sem esperar nada em troca, dar e sentir-se feliz, sentir-se realizado no próprio dar. Se prestarmos bem atenção, a gratuidade é filha da humildade. Só quem sabe de coração que em tudo depende de Deus e de Deus tudo recebeu gratuitamente (humilde), também se sente impelido a imitar a atitude de Deus: dar gratuitamente.como dizia Santa Teresinha do Menino Jesus: Viver de amor é dar sem medida, sem nesta terra salário reclamar; sem fazer conta eu dou, pois convencida de que quem ama já não sabe calcular.

No Brasil, a maior, mais livre, mais criativa, mais irreverente e mais popular de todas as festas é sem dúvida o carnaval. adjetivado como a festa da liberdade, possibilita viver um momento longe do trabalho, das obrigações e deveres, proporcionando um encontro com excesso de prazer, riqueza, alegria e riso, sendo propriedade de todos. Para a realidade social do Brasil, é sinónimo de alegria e gratuidade. O carnaval permite substituir o uniforme pela fantasia, comer e beber nas ruas, trocando a casa pelo mundo público, no qual o comportamento das pessoas que vão para a folia é dominado pela utopia da ausência de hierarquia repressora, em que a regra é a prática livre das atividades. No carnaval transparece a alma brasileira e todos os que gostam de brincar e participar do carnaval devem mergulhar no seu espírito e aproveitar tudo de bom que o carnaval pode proporcionar. É preciso evitar criar uma nova essência, ridicularizando o carnaval e deixando esta festa com conceito negativo.