Declarações do bispo de Hong Kong relançam a difícil questão dos católicos na China. O prelado faz alusão à possibilidade do Vaticano retirar o seu apoio diplomático a Taiwan.
Declarações do bispo de Hong Kong relançam a difícil questão dos católicos na China. O prelado faz alusão à possibilidade do Vaticano retirar o seu apoio diplomático a Taiwan. as declarações de Joseph Zen Zi-Kiun, bispo de Hong Kong, quanto ao rompimento da Igreja católica com Taiwan, dão origem a comentários e reacções. De acordo com o prelado, o Vaticano tem a intenção de cortar as relações com Taiwan para poder abrir negociações com a República Popular da China.

Em entrevista à imprensa local, depois de uma celebração em memória do Papa, o bispo afirmou que “o Vaticano pretende abandonar Taiwan; foi difícil, mas esta foi a decisão”. E acrescentou: “Os bispos de Taiwan entendem. ”

Pequim rompeu as relações diplomáticas com o Vaticano em 1951. a razão foi o reconhecimento por parte do Vaticano da soberania de Taiwan. Os católicos chineses estão autorizados a celebrar o culto apenas nas igrejas controladas pelo estado e Pequim exige intervir na nomeação dos bispos, condição inaceitável para o Vaticano.

a canonização de 120 mártires chineses pelo Papa, em Outubro de 2000, reavivou a tensão entre Pequim e o Vaticano. a Igreja católica chinesa está dividida. Por um lado temos a Igreja leal ao Papa, conhecida como Igreja subterrânea, pois existe à rebelia das autoridades, por quem é perseguida. Calcula-se que os seus fiéis são vários milhões. Por outro lado, existe a Igreja “patriótica”, que não reconhece a autoridade do Papa e está submetida às autoridades. Tem cerca de quatro milhões de fiéis.

O Vaticano é umdos 25 estados do mundo que reconhece Taiwan, considerado por Pequim uma província rebelde. as declarações do bispo Zen foram contestadas pelo porta-voz do ministério dos negócios estrangeiros de Taiwan que expressou sérias dúvidas de que o Vaticano corte relações com Taipei. “Quanto a nós, a China é um país sem liberdade religiosa, onde os líderes religiosos são encarcerados e isso é um obstáculo inultrapassável. ”

De acordo com a imprensa local de Taiwan, o presidente Chen Shui-bian não estará presente no funeral do Papa, mas será enviado um representante, porque a ilha, oficialmente, não tem relações diplomáticas com o Vaticano.