Fugiram da fome e da seca da Somália à procura de meios para sobreviver nos campos de refugiados etíopes de Dolo ado. Mas as expectativas goraram-se e as suas condições de vida deterioram-se de dia para dia
Fugiram da fome e da seca da Somália à procura de meios para sobreviver nos campos de refugiados etíopes de Dolo ado. Mas as expectativas goraram-se e as suas condições de vida deterioram-se de dia para dia”Está doente, desde que chegámos aqui, explica a mãe de Ibrahim abdirahman, de nove anos. Tem vómitos e diarreias. Não come como deve ser; aqui não há leite nem açúcar. Os voluntários das agências humanitárias confirmam que a desnutrição em Dolo ado é alarmante, sobretudo entre as crianças com menos de cinco anos. a taxa de desnutrição é ainda muito elevada. É uma situação de urgência, refere Voitek asztabski, dos Médicos sem Fronteiras. Poderão ser necessários vários meses até se atingirem níveis de controlo da situação.
Em Hilaweyn, um dos campos de refugiados de Dolo ado, mais de metade das crianças sofrem de desnutrição, confirma um estudo recente das Nações Unidas. Em Kobe, a taxa da desnutrição também está muito perto dos 50 por cento. Segundo a organização Mundial de Saúde, a situação torna-se crítica quando sobe acima dos 15 por cento. as Nações Unidas calculam que a seca atingiu 300 mil pessoas, obrigando-as a fugir da Somália. Muitas delas estão na Etiópia, onde continuam a chegar diariamente centenas de refugiados, enquanto duram os combates entre islamitas shebab, ligados à al-Qaida, e as tropas governamentais apoiadas por exércitos regionais. Os campos de Dolo ado estão a abarrotar, oferecendo condições de higiene péssimas. as taxas de desnutrição continuam muito elevadas desde Julho, quando o afluxo de refugiados atingiu os níveis mais elevados.

as condições de vida são aterradoras, não há tendas, falta a comida, não têm água, conclui Voitek asztabski. Há refugiados que vendem parte das suas rações para comprar vestuário ou outros alimentos, refere Ted Chaiban, funcionário da UNICEF, organização da ONU para as crianças. apesar da desnutrição persistente, a taxa de mortalidade felizmente não aumentou nos últimos meses. Fatuma abdille, que se encontra em Dolo ado há cinco meses, sublinha que precisa de melhor acesso aos cuidados para tratar a febre e a diarreia do seu filho, que se encontra doente há três meses. Lamenta a situação dos campos: Não recebemos mais nada, além das rações alimentares.