Na Tanzânia, o Natal não é sinónimo de árvores de Natal, presépios nas casas, nem de troca de presentes. é sim um momento para «partilhar», estar em família e receber a bênção dos mais idosos, conta Tesha antipas Edward
Na Tanzânia, o Natal não é sinónimo de árvores de Natal, presépios nas casas, nem de troca de presentes. é sim um momento para «partilhar», estar em família e receber a bênção dos mais idosos, conta Tesha antipas Edward«O Natal para nós é uma festa de família, explica Tesha antipas Edward, seminarista da Consolata que se encontra actualmente em Portugal para fazer o seu ano de serviço pastoral. Na Tanzânia, onde o Cristianismo e o Islão são as duas religiões predominantes, os dias 24 e 25 de Dezembro são reservados para o convívio entre as famílias. Muitos regressam à terra nesta época do ano. Na Tanzânia, a tradição consiste em estar, é um momento para «partilhar. as pessoas reúnem-se para receber a «bênção dos mais velhos, dos anciões.
Nas habitações não se encontram árvores de Natal nem presépio como em muitos países europeus; o presépio apenas nas igrejas. Não faz parte da cultura dos tanzanianos, explica Tesha antipas, que é originário de Moshi, uma diocese do norte do país. Também não é costume visitar lugares religiosos nesta época. Porém, no dia 24 à meia-noite, as igrejas enchem-se. Mesmo os que não vão à missa durante o ano fazem questão de estar presentes.

Na Tanzânia, o prato principal no dia 25 de Dezembro é composto por cabrito. Por hábito, os tanzanianos comem carne fresca.como tal, no dia 24, enquanto as mulheres preparam a casa, os homens responsabilizam-se por matar um animal. a bebida para acompanhar é a cerveja. Não existe nenhum doce específico que seja guardado para estes dias, tal como o bolo-rei em Portugal. Não é hábito trocar presentes tal como acontece na Europa, mas os pais costumam comprar roupa nova para os filhos usarem nesses dias. Danças e cânticos animam as festividades.

Tesha antipas já está habituado a passar o Natal fora do seu país: primeiro em Moçambique (2006), onde fez o noviciado, e depois em Itália (2008), onde estudou Teologia. «Em Moçambique celebram o Natal como na Europa. São mais ocidentais, explica sobre o país africano, onde viveu durante um ano em meio. Em Itália – recorda – muitos dos que vivem na cidade, nesta altura do ano, partem para as zonas montanhosas, onde possuem uma casa e passam lá o Natal.

Questionado sobre o que lhe causa mais estranheza responde referindo o ambiente. Passava o Natal em família, num cenário em que todos se envolviam na preparação do Natal. E todos nas outras famílias seguiam o mesmo ritmo, explica o seminarista. Em Itália e Moçambique, o clima é mais «fechado. as pessoas são «mais reservadas, lembra. «Não há barulho. Mas as festas também têm barulho?, interroga em tom de brincadeira.

apesar de estar há pouco tempo em Portugal, Tesha antipas já tem uma ideia formada sobre as pessoas. Considera o povo português expressivo, aberto e brincalhão. O seminarista vai passar o Natal com os missionários do Porto, em Águas Santas, que ainda não conhece. Para esta quadra, se pudesse desejar algo para o mundo, a primeira coisa seria a paz, a segunda a justiça e depois o amor. «Quando há amor, consegue-se justiça. Havendo justiça, há paz, explica.