Em 10 anos de serviço à Universidade Católica de Moçambique, Conceição Marques descobre os enormes desafios da era pós-moderna
Em 10 anos de serviço à Universidade Católica de Moçambique, Conceição Marques descobre os enormes desafios da era pós-moderna
a missionária da Consolata de Santa Catarinada Serra, Leiria, cruza-se com uma variedade de culturas,onde as pessoas, na maior parte dos casos, não convivem,não se conhecem, nem se sentem irmãos. Quis Deus que eu vivesse num contexto que me foi despertando, progressivamente, para novas realidades, levando-me a procurar respostas credíveis para responder às situações actuais da nova evangelização. até a África enfrenta a imposição de uma cultura sem Deus ou habitada por deuses estranhos. Permeada de hedonismo e consumismo, ela oferece uma mensagem cativante para os tempos de hoje. a preocupação de compreender o nosso tempo levou-me, durante as minhas férias, a frequentar um curso sobre diálogo inter-religioso, em Roma, na Universidade Pontifícia Gregoriana. Nos últimos dez anos, trabalhei na Universidade Católica de Moçambique, uma escola aberta a todas as crenças.
Cada um na sua realidade, os estudantes revelam um grande desejo de saber mais e querem confrontar-se com a doutrina católica. São receptivos e, ao mesmo tempo, contestadores e participativos nos debates. admiram e apreciam a doutrina social da Igreja católica. Dizia-me um estudante, de formação protestante, quando soube da minha partida: agora, que a irmã vai deixar a universidade, já pensou em quem vai ocupar o seu lugar?.
Como evangelizadora, devo ser capaz de estar integrada com o povo, saber escutá-lo, dialogar e estar preparada para iluminar as suas preocupações e anseios com a proposta libertadora de Jesus Cristo. O missionário não pode ficar à espera que o povo venha à Igreja para lhe fazer as suas catequeses. Serão sempre menos os que vêm ter connosco e cada vez mais os que se aproximam da realidade humana para lhe oferecer outras mensagens.
a maioria das pessoas é analfabeta de Deus. Terá uma imagem de Deus vaga e, por vezes, distorcida. Muitas pessoas têm alguma informação sobre as mais variadas propostas religiosas, mas sentem-se confusas e sem certezas. assim a situação religiosa actual constitui um desafio para o missionário quanto ao vocabulário a usar, à metodologia a seguir ou ao modo de estar. Trata-se de testemunhar através da vida, com um coração de discípulo que experimenta a necessidade do encontro com Deus para se fortificar. O discípulo procura o que fazer – quando e como – tal como um bom samaritano que se aproxima da realidade e dá o seu contributo para poder amar e consolar nas situações mais impensáveis.com a sabedoria divino-humana procura ser oportuno e eficaz, munido da paciência do Deus-amor.
Urge uma nova culturaque seja fruto de um trabalho desenvolvido e participado pelas diferentes culturas, resultante do melhor que cada uma pode oferecer para o bem comum. Uma cultura que leve cada um a sentir-se em casa, porque aceite e respeitado nas suas diferenças, com a consciência de que todos somos irmãos e irmãs, porque filhos do mesmo Pai.