à espera de dar um saltinho à África do Sul e com um dia pela frente, sem quaisquer planos, a Filipa, voluntária já no seu segundo ano, simpaticamente me convida para me mostrar um bocado da cidade de Maputo
à espera de dar um saltinho à África do Sul e com um dia pela frente, sem quaisquer planos, a Filipa, voluntária já no seu segundo ano, simpaticamente me convida para me mostrar um bocado da cidade de MaputoVamos percorrendo as ruas calmamente, com algumas perguntas sobre a experiência em Moçambique. a cidade a pé dá-me outra perspectiva que não consigo ter quando a percorri de carro. Os olhares não mudam, mas tem outro cheiro, outro sabor. Olho-a como uma criança para ver tudo pela primeira vez. Depois de imaginários e ideias concebidas na minha cabeça, ali está, diante mim, a cidade de Maputo. Voltando a ver as pequenas coisas, depois das impressões do primeiro dia, novas ideias e dúvidas percorrem a minha mente. a verdade é que, por mais puramente africana que seja aquela cidade, tudo me parece uma versão africana de Portugal, numa remodelação do passado. Casas, urbanística, ruas, cafés, monumentos, o teatro Gil Vicente e outros tantos dão-me a sensação de estar a olhar para um mar de ruínas do tempo colonial, que agora estão transformadas na posse do povo moçambicano. ao ver tudo isto, parece que nunca saímos dali, que Portugal continua ali de alguma maneira, como se fizesse parte do corpo da cidade que não consegue deixar de fazer parte dela. Passando pelo Município, em direcção à baixa da cidade, a catedral pintada de branco aparece-nos do nosso lado esquerdo. Uns minutos mais à frente, aparece um imenso jardim no coração da cidade, que emana traços de uma beleza imensa, agora deixada ao abandono, com bastante lixo ali abandonado sem qualquer preocupação. Logo de seguida, o contraste é grande com a casa da cultura diante de mim. Um edifício da era colonial cuidado e deveras belo, que agora abriga um programa cultural diverso. Por fim, chegamos ao Forte da cidade. Um monumento a revelar história de um passado que cruza Moçambique e Portugal. Muralhas e canhões antigos assim eternizam um edifício que outrora era uma protecção militar da cidade.

Com a necessidade de trocar dinheiro e comprar algumas coisas, o Maputo shopping é o destino a seguir. Para minha surpresa, num supermercado no interior do shopping, estão ali dezenas de produtos portugueses ou vendidos em Portugal, que nem eu conseguiria encontrar no Leste da Europa. Entre muitos, como o compal ou as bolachas da Cuetara, a água do Luso é aquela que mais me agrada ver tão longe de casa. Depois de uma manhã pelas ruas de Maputo, chega a hora de voltar a casa. a viagem até então feita a pé tem agora uma novidade para mim, a viagem de chapa. Nem que seja de um filme ou de um livro, o yellow cab nova iorquino, o clássico táxi londrino de cor preta com as portas ao contrário, o tuk tuk na Ásia ou o táxi preto e verde português, serão sempre imagens fáceis na nossa memória. O chapa não seria incluído em nenhum dos anteriores, até por não ser exactamente um táxi. Semi-privado segundo me é constado, o famoso chapa não é mais que uma carrinha de nove e alguns mais lugares, da marca Toyota. E aí está a particularidade. Se pontualmente é nos recordes do Guiness que se tentam proezas, como pôr quase 30 pessoas dentro de um mini, aqui é diariamente que se tentam pôr o maior número de pessoas possível numa destas carrinhas.com lotação completa em versão sardinha em lata, ao preço de cinco meticais, seguimos nós de volta a casa.

ainda antes do almoço, paramos para um breve café na pastelaria ao lado de casa. O café cristal é um quase típico café português, com o futebol a transmitir num plasma, a famosa bica da marca Delta e um delicioso bolo de arroz a acompanhar tudo. Mais uma vez, está ali uma versão moçambicana de algo tão português. Segue-se então o almoço em casa e, após uma refeição entre todos, é a convite do padre Bonifácio que, pela primeira vez, visito uma das partes mais bonitas de Maputo, a Costa do Sol. Pela estrada fora, acompanha-nos uma linha vasta de mar, ilustrada por coqueiros e palmeiras, crianças a tomar banho, pescadores que ali fazem a sua vida e a venda de várias coisas, que vão desde a famosa coca-cola às tradicionais capulanas ou esculturas em pau preto. Paramos num famoso café frente ao mar e pouco depois estamos de volta a casa, mas por um caminho diferente.com a luz do pôr-do-sol, percorremos a estrada até ao edifício daquela que seria uma espécie de marina ou porto repleto de barcos de recreio. Depois de uma bela viagem pela costa do sol, com uma bela paisagem, é tempo de voltar a casa. O dia acaba assim, mas não sem antes se começar a fazer os preparativos para a viagem rumo ao Kruger Park, em terras sul-africanas. a viagem segue dentro de momentos.