Organizadores da manifestação marcada para 3 de Setembro, em Luanda, querem a maior de sempre. Porta-voz da iniciativa afirma que o trabalho de mobilização está a ser feito em moldes diferentes das anteriores manifestações contra o regime de Luanda
Organizadores da manifestação marcada para 3 de Setembro, em Luanda, querem a maior de sempre. Porta-voz da iniciativa afirma que o trabalho de mobilização está a ser feito em moldes diferentes das anteriores manifestações contra o regime de LuandaEstamos a dar muita luta para que saia da melhor forma e mais populosa possível, disse à Lusa, Carbono Casimiro, um dos mais conhecidos rappers angolanos, contactado telefonicamente a partir de Lisboa. Estamos a fazer um trabalho de campo no sentido de mobilizar localmente, em cada bairro. Isso nunca houve até agora. Nunca fizemos mobilização a nível dos bairros. Estamos a levar a informação a sítios mais distantes. Estamos com fé que a manifestação terá agora muito maior aderência por parte das pessoas, salientou o porta-voz do movimento.

Carbono Casimiro tem estado na linha da frente das manifestações que se realizaram, este ano, na Praça da Independência, em Luanda, todas com o mesmo pretexto: contra o presidente José Eduardo dos Santos. a primeira tentativa, a 7 de Março, foi frustrada pela polícia, que causou a detenção de duas dezenas pessoas. a segunda, a 2 de abril, foi bem sucedida, sem interferência da polícia e permitiu juntar cerca de 300 pessoas. Desta feita, o objectivo é exigir a destituição de José Eduardo dos Santos, que até agora não legitimou o seu poder, explicou Carbono Casimiro. É a primeira coisa que nós queremos. a segunda coisa é a democratização dos órgãos públicos, que são praticamente partidários e outras exigências. Os órgãos públicos a que se refere Carbono Casimiro são a comunicação social e a polícia.

O presidente José Eduardo dos Santos, cujo 69º aniversário se celebra no próximo dia 28, motiva dezenas de actividades já realizadas e a realizar pelo MPLa, partido no poder. Para estes jovens é o símbolo do que está errado na sociedade angolana. Vemos um culto de personalidade da imagem do senhor presidente muito grande. Esse culto de personalidade está cada vez mais exagerado. Eles [MPLa] andam por aí a procurar, de todas as formas, a bajulação para agradar ao presidente. Carbono Casimiro dá como exemplo a recente inauguração da sede da Organização da Mulher angolana (OMa). Há pouco tempo houve a inauguração do edifício da OMa. Inauguraram um prédio novo, moderno – não sei como é aquilo, mas pronto, tem uma boa aparência -, e há uma imagem enorme nesse edifício, um prédio de sete ou oito andares, com a imagem do presidente.

Então eu pergunto: mas não deve haver aí uma mulher, que represente de facto a OMa? Tem que ser a imagem do presidente? É o cúmulo do culto de personalidade, criticou Casimiro Carbono. Outros dos exemplos que deu foi o da utilização da figura de José Eduardo dos Santos no papel-moeda e nos bilhetes de identidade. acho que eles querem perpetuar a imagem. Querem endeusar a imagem do presidente. Para os organizadores da manifestação de 3 de Setembro o presidente angolano não é legítimo, porque, acusam, não foi eleito. asseguram que, 3 de Setembro, vão fazer uma manifestação pacífica.