a visão de bairros pobres e casas em reboco ou pintadas com a publicidade de uma das operadoras de telemóvel de Moçambique, a Vodacom, de vermelho e branco, e a Mcell, de amarelo e verde, encheu o meu primeiro olhar sobre a capital moçambicana
a visão de bairros pobres e casas em reboco ou pintadas com a publicidade de uma das operadoras de telemóvel de Moçambique, a Vodacom, de vermelho e branco, e a Mcell, de amarelo e verde, encheu o meu primeiro olhar sobre a capital moçambicanaO rosto das pessoas, que eventualmente trocam de olhar comigo, é frio e fechado. Eu, mesmo sem nunca o ter sido, sinto-me como um antigo mercador de escravos ou um colonialista, que tinha deixado cicatrizes nos corações do povo moçambicano. Sinto-me julgado nos olhares como um branco como tantos outros que voltam a uma terra que outrora fizeram dela como sua. Mas, no meu íntimo, sei que essa ideia, pelo menos em relação a mim, terá de ser mudada e isso parte de mim. Depois de uma zona pobre e organicamente construída sem regras, entro numa zona que parece outra cidade: a avenida das embaixadas. Casas magníficas povoam os dois lados da avenida com guarda armada em todas elas. assim aparece o primeiro grande contraste entre ricos e pobres, que aqui ainda se torna mais demarcado pelos guardas armados, frente aos portões de casas, como se fossem pequenos castelos.
O virar da esquina traz uma imagem ainda mais imponente e contrastante de Maputo. Diante dos meus olhos, avistam-se os imensos muros brancos que nos acompanham durante algum tempo na avenida agora percorrida. É a casa do Presidente moçambicano, escondida para lá dos muros erguidos num vasto terreno com vista para o imenso mar.como qualquer líder africano, que nas pequenas coisas mostra que o seu filho preferido é o poder, a primeira particularidade é a proibição de circular no passeio público que rodeia os muros da casa. Pouco depois chegamos à 24 de Julho, sitio onde vou ficar, enquanto permanecer em Maputo. acompanhado pelo padre Franco, encontro uma mesa cheia de pessoas, uns padres, outros voluntários como eu. assim, no seio da minha nova família temporária, tomo a primeira refeição africana.
Era perto das 14 horas quando novamente faço o mesmo percurso de volta ao aeroporto com esperança de ter por fim a minha mala. E assim é. No voo seguinte a mala por fim veio e a preocupação não tem tempo nem lugar. O regresso é semelhante. Chegado a casa, a ansiedade reside na expectativa de um banho e de uma cama para descansar por fim. Fica combinado com o padre Franco que o despertar será por volta das quatro horas, tendo em conta que o transporte para o Guiúa, meu destino, seguirá por volta das cinco horas. Contudo, na hora do acordar, a informação chegada a mim é que essa viagem terá de ser adiada por mais uns dias. Força do destino ou não, o telefone toca por volta das nove horas. Do outro lado da linha, o padre Bonifácio, pessoa muito bem disposta e simpática, pergunta-me, com imensa descontracção, se, a convite de dois irmãos italianos e de uma outra voluntária, eu estaria interessado em ir à africa do Sul.com meia hora para preparar tudo e partir durante dois dias, a hesitação não é nenhuma. Desço rapidamente até ao salão das refeições pronto para embarcar. Esperamos um motorista que nos leve lá, mas assim não acontece devido a problemas com o passaporte dele. Mais uma vez, também esta viagem é adiada mais um dia, com a solução de alugarmos um carro e partirmos na manhã seguinte. a crónica da viagem seguirá dentro de momentos.