?Semeou um homem boa semente no seu campo. Veio o seu inimigo e semeou joio no meio do trigo. Quando a semente de trigo nasceu e produziu fruto, nasceu também o joio?, proclama o evangelho do 16º domingo comum
?Semeou um homem boa semente no seu campo. Veio o seu inimigo e semeou joio no meio do trigo. Quando a semente de trigo nasceu e produziu fruto, nasceu também o joio?, proclama o evangelho do 16º domingo comumao lermos a parábola do semeador, referimos quase sempre a boa semente aos bons cristãos e o joio aos maus que habitam no meio dos bons. Mas convém admitirmos outra interpretação: dentro de cada um de nós existem ao mesmo tempo a boa semente do trigo e a má semente do joio. Mais ou menos, todos sentimos, de vez em quando, o aguilhão das más inclinações intrometerem-se no meio das boas decisões que tomamos. Já assim nascemos: das consequências do pecado original nos vem o mal que sentimos.

Deve o cristão dar a si próprio uma boa formação humana, profissional, intelectual e uma formação esmerada para as virtudes. a formação nas virtudes produz regularmente bons filhos e filhas de Deus, que se tornam jóias preciosas no meio da sociedade. É uma formação que não pode ter férias, mas dura todos os dias da nossa vida. a falta desta formação anda normalmente unida a uma frivolidade, a um sentido de futilidade e a ninharias que nada têm a ver com a vida dos que pertencem a Cristo. O cristão verdadeiro sabe usar a sua inteligência juntamente com outras qualidades e virtudes que vai adquirindo ao logo da sua vida. E não se sente ele mal, mesmo habitando com o joio, pelo contrário vai-lhe dando o seu bom exemplo para o transformar em boa sementeira.

Na parábola do trigo e do joio Cristo mostra-nos a paciência de Deus em relação àqueles que não vivem uma vida exemplar. Impacientes, os empregados do senhor do campo querem arrancar o joio imediatamente apenas ele nasce. O dono do campo, o Senhor Deus, prudente, paciente e sábio, deixa que o joio cresça com o trigo: só será separado durante a ceifa. E assim a proposta de Jesus na parábola é anúncio de esperança fundada sobre a misericórdia de Deus que é clemente e compassivo e sabe esperar pela conversão, mesmo se tardia.

No mesmo evangelho, o aparente falhanço do início Reino de Deus na terra, comparado por Cristo à pequenina semente de mostarda, que depois se transforma numa grande árvore, mostra-nos o optimismo que Jesus quer que tenhamos em relação ao sucesso desse mesmo Reino de Deus: optimismo e confiança, porque a Deus e com Deus nada é impossível. O que Deus nos pede é que sejamos cristãos autênticos. Numa frase bem expressiva de santo Inácio de antioquia, que foi discípulo dos apóstolos, é melhor sermos cristãos sem o dizermos, do que dizê-lo sem o sermos. E santo agostinho diz: Irmãos, exortamo-vos a praticar a caridade, não só para com os vossos companheiros na fé, mas também para com aqueles que ainda se encontram fora dela. Optimismo e autenticidade, eis o grande binário do verdadeiro cristão dos nossos dias.