Número de alunos do ensino superior passa de 10 mil para 100 mil entre 2002 e 2010. a formação de quadros está a crescer exponencialmente. Mas o sucesso não impede que «muitos sem conhecimento» continuem sem acesso ao emprego
Número de alunos do ensino superior passa de 10 mil para 100 mil entre 2002 e 2010. a formação de quadros está a crescer exponencialmente. Mas o sucesso não impede que «muitos sem conhecimento» continuem sem acesso ao empregoO ex-reitor da Universidade agostinho Neto e secretário de Estado da Ciência e Tecnologia, de angola, João Teta, afirmou que o seu governo tem apostado na massificação do ensino. Em declarações à agência Lusa, sublinha que é um processo por que todos os países passaram, uns com mais, outros com menos turbulência. aludindo ao tempo que as transformações estruturais demoram no seio de uma sociedade, o governante explicou: Vamos aprendendo, andando. O governo de angola está orgulhoso dos números que vem conseguindo na expansão do ensino universitário. Em 2002, havia universidades em seis províncias do país e actualmente há em praticamente todas as 18 províncias de angola. João Teta admitiu que essa expansão quantitativa traz consigo alguns constrangimentos qualitativos, há um preço a pagar. Mas explicou que entre a vantagem da fixação da juventude nas províncias e fazer um ensino de elite que traz a juventude para as cidades, preferimos correr o risco da massificação. E acrescentou: Depois vai tendo qualidade ao longo do tempo.

angola está a atravessar uma fase de grande transformação. É sentida a falta de recursos humanos para preencher as muitas fragilidades estruturais do país. Precisamos do angolano com qualificações suficientes para os desafios da globalização, afirmou o secretário de Estado angolano. Um dos temas abordados no XXI Encontro da associação das Universidades de Língua Lusófona, que decorre em Bragança, foi a fuga de cérebros que atinge com gravidade os países africanos. Os países mais desenvolvidos oferecem melhores condições de habitabilidade, melhores condições económicas, têm atractivos e impedem o regresso ao país de origem dos jovens formados no estrangeiro. Esse é outro desafio, como fazer para termos bons quadros nas condições de angola, que não mudam de um dia para o outro, tem de ser resultado de um esforço colectivo que exige tempo.

a situação que se verifica em alguns países africanos, da cada vez maior diferença entre os cidadãos mais ricos e os mais pobres, segundo João Teta, é difícil de mudar. Num país com as características de angola, onde temos poucos com formação, muitos sem formação, poucos com conhecimento, muitos sem conhecimento, os que têm conhecimento têm melhor acesso à riqueza, os que não têm conhecimento, por enquanto, vão ficar marginalizados. E justifica: a sociedade exige que as pessoas tenham conhecimentos mínimos para terem acesso ao emprego. Daí a grande aposta do governo angolano ao nível da formação profissional vocacionada para os jovens que estão a chegar às cidades vindos do campo sem qualquer formação.