Favelas do Rio de Janeiro e de Kibera, no Quénia, são objecto frequente de visitas guiadas, no âmbito do que é popularmente chamado de «turismo da miséria»
Favelas do Rio de Janeiro e de Kibera, no Quénia, são objecto frequente de visitas guiadas, no âmbito do que é popularmente chamado de «turismo da miséria»Há quem defenda tais iniciativas, apontando para os benefícios que trazem para a economia local e consciencialização das pessoas em relação à pobreza. Outros consideram que não valem a pena e pouco transmitem da realidade diária das populações, revela a edição digital do Courrier Internacional. O turismo das favelas transforma a pobreza em espectáculo, afirma Kennedy Odede, fundador de uma associação que fornece apoio social à população de Kibera.
Um habitante de Kibera, favela de Nairobi, capital do Quénia, tinha 16 anos quando assistiu pela primeira vez a um circuito turístico do género. Esfomeado, lavava louça quando foi surpreendido por uma máquina fotográfica. Senti-me como um tigre numa cela, conta. Muitos turistas visitam as favelas na esperança de compreenderem a pobreza. Mas, é pouco provável que tal aconteça; não há contacto com os habitantes sequer, lamenta o jovem.
as favelas não vão desaparecer por algumas dezenas de americanos e europeus lá passarem uma manhã. Existem soluções para os nossos problemas; mas não são as visitas guiadas que as vão trazer, concluí. O fenómeno não é recente. Já em finais do século XIX, ricos americanos efectuavam visitas às favelas de Nova Iorque para ver como vivia a outra metade da população.