«Tudo o que fizerdes mesmo aos mais pequeninos, é a mim que o fazeis», diz-nos Cristo no Evangelho
«Tudo o que fizerdes mesmo aos mais pequeninos, é a mim que o fazeis», diz-nos Cristo no EvangelhoUma leitura superficial do evangelho do 15º Domingo do tempo comum, a chamada parábola do Bom Samaritano, poderia levar-nos a pensar que, fazemos bem aos outros, temos automaticamente direito a um prémio da parte de Deus, pois demos daquilo que é nosso. Na realidade, o cristão que dá por caridade, partilha com amor aquilo que de graça recebeu de Deus. Tudo é dom do alto. Jesus ensina-nos claramente que o amor ao próximo é um mandamento e não simplesmente parte de um voluntariado qualquer.
Recordo o exemplo de antonieta, enfermeira na Europa. Quando ainda jovem, pediram-lhe se se sentia capaz de dar dois anos da sua vida a cuidar de leprosos num país da África. Lá foi, sem grandes laivos de entusiasmo. Lá a encontrei vinte anos mais tarde, sempre a tratar dos seus amigos, os leprosos. Sentia-se plenamente realizada. Era tratada com amor, como mãe, irmã, enfermeira, médico, conselheira, catequista… Dava-se! Por isso recebia cem por cento em irmãos e irmãs e no amor que todos lhe tinham.compreendera a parábola e vivia, como boa samaritana, o dom do amor que o Espírito Santo nela semeara e continuamente desenvolvia.
É interessante a pergunta de Jesus e a consequente resposta. O homem que ajudou aquele que caíra nas mãos dos ladrões é definido como próximo de quem foi atacado. Quem ajuda, mostra-se próximo daquele que precisa de ajuda. O aluno que, na escola, vai consolar um colega triste, como consolador mostra-se próximo do necessitado. Nesse sentido, Cristo é o nosso grande próximo, que sempre lança o bálsamo da consolação e da felicidade no coração de quem a Ele se dirige com fé.como Maria de Nazaré, que se fez próximo de Isabel, de Zacarias, de João Baptista e de toda a humanidade. Ser cristão não é um emprego como qualquer outro. É uma vivência que se assume no Baptismo e continuará mesmo por toda a eternidade. É viver, sentindo-se irmão daquele Jesus que, dando-se totalmente na cruz, assumiu e fez sua a pobreza da humanidade inteira. Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei a vós. É o testamento que Jesus deixou a todos os cristãos. Recordo uma família, pai e mãe e nove filhos, que partiram todos para a África para ajudar os mais pobres num centro missionário: um dos moços dessa família era cego e, em África, fez um bem imenso ensinando e amando os alunos de uma escola para cegos em que trabalhou. Para cada um de nós, pertencer á Igreja foi e é um gesto de amor que o Senhor Jesus nos deu a cada um. Ser cristão é corresponder ao seu gesto com os nossos próprios gestos para com o próximo.
amar o próximo é revalidar o amor que temos a Deus. E amar a Deus é o que mais produz em nós o desejo de amar os outros – gratuitamente, por amor ao Deus-amor! Como Maria, que amou e ama sem pensar em retribuição alguma, excepto o grande dom de amar. O amado ama porque é amado; é amado porque ama, sabendo que sem amor não há vida e que o amor a tudo dá sentido.
aventino Oliveira