«Parecia que tinha chegado a outro mundo, onde o homem vive a vida em sintonia com a natureza». Dois meses e meio depois de chegar à missão no Catrimani, Lí­gia Cipriano regressa a Boa Vista, por uns dias
«Parecia que tinha chegado a outro mundo, onde o homem vive a vida em sintonia com a natureza». Dois meses e meio depois de chegar à missão no Catrimani, Lí­gia Cipriano regressa a Boa Vista, por uns diasao aterrar na missão tive a sensação de nascer de novo, lembra a Leiga Missionária da Consolata. Há dois meses e meio chegou ao Catrimani, onde os Missionários da Consolata trabalham com os índios Yanomami. E foi como que o renascer, conta. Ter de me despedir de tudo que até então tinha vivido e aprendido, tudo muito diferente e até mágico. Lígia Cipriano encontra-se, por estes dias, em Boa Vista, capital do Roraima, para descansar um pouco e contactar com a família.
a vida, que lá encontrou, entusiasmou-a. Dou graças a Deus por estar aqui e poder voltar a nascer, deixar-me tocar pelo amor de Deus através do irmão. O rosto de Cristo está em cada um que se cruza comigo. O medo é de não ser capaz de ajudar e não ter a mente aberta para este novo mundo, assinala à Fátima Missionária.
O pior é o não falar a língua, sublinha. Mas, ficou logo a conhecer uma palavra: napë, que quer dizer branco. a auxiliar de acção educativa deixou Sepins e partiu para o Brasil por três anos. No contacto com a nova realidade, está a aprender a língua Yanomami, mas ainda falo pouco. No entanto, alguns [índios] já falam um pouco português e vamo-nos entendendo. Mas é um pouco aborrecido para mim que adoro falar, reconhece.
Entre as aventuras de dormir na maloca (casas feitas de madeira e palha), num território onde o homem vive a vida em sintonia com a natureza, Lígia Cipriano diz ter começado a sentir que já faz parte do todo, isto é, da natureza, tudo em perfeita harmonia.
a leiga missionária da Consolata defende que este povo dá uma grande lição de vida, vivendo o dia-a- dia com o que lhe dá a floresta. Precisam de pouco para viver, têm uma coisa que na nossa sociedade deixou de existir: a liberdade, a paz. No Catrimani ainda não houve evangelização, mas a fé está no meio deles, nas suas tradições, na cultura, na vida, na forma como protegem a natureza. Temos muito para aprender com eles no que se refere ao Espírito e a viver em perfeita harmonia com o Criador, conclui.