Por ocasião do Dia de África, celebrado a 25 de Maio, damos a conhecer um pouco mais da história de um missionário que viveu 34 anos no Quénia, João alfaiate
Por ocasião do Dia de África, celebrado a 25 de Maio, damos a conhecer um pouco mais da história de um missionário que viveu 34 anos no Quénia, João alfaiateCantar é um dos seus hobbies favoritos. Mal se lhe avista a sombra, já se lhe ouve o canto. Músicas tradicionais portuguesas e cânticos religiosos animam o seu dia-a-dia e o de quem convive com ele. Mantém um ligeiro sotaque dos longos anos que passou no Quénia, país do centro de África. E é com alguma emoção no olhar que recorda as vivências no meio de um povo simples.
após uma temporada a aprender o inglês [língua oficial], no Reino Unido, partiu para o Quénia, em 1963, dois meses antes da independência do país.começou por Nyeri, mas foi em Sagana, a uma centena de quilómetros de Nairobi, capital, que passou mais tempo, cerca de 30 anos. O seu trabalho centrou-se na formação de jovens, com o ensino da matemática e outra modalidade mais prática: a mecânica. Lá a disciplina não custava nada, diz. Os alunos nutriam muito respeito pelo professor e controlavam-se a eles próprios.
No Quénia, aprendi a viver com a ‘gente’, a viver como eles viviam e a falar como eles falavam, afirma. Isto é, a entender e adaptar para si os hábitos e costumes da população. João alfaiate realça, em particular, as formas de expressão dos quenianos, um povo que gosta muito de cantar. ali é todo outro mundo. É muito diferente da música portuguesa. Às vezes, é difícil entender; é preciso partilhar das suas emoções. Há que entrar na mentalidade deles.
O missionário da Consolata regressou a Portugal, há uma dezena de anos. Por motivos de saúde, não voltou para o Quénia. E hoje, mesmo longe, continua a seguir os acontecimentos do longínquo país. Quase todos os dias leio jornais do Quénia. Sei mais ou menos o que se passa lá. Sobre a actualidade, aponta: o presidente e o vice-presidente deveriam pôr-se de acordo quanto à elaboração da Constituição. E que esta seja para todo o povo.
Da sua longa experiência ficaram muitas histórias para contar. Mas, recorda em particular um episódio insólito. Um dia, cansado de uma longa viagem de carro, parou à sombra de uma árvore para descansar um pouco. após uns quinze minutos, saiu para fora do veículo para esticar as pernas. Olhou para o céu e constatou com surpresa que não era o único a descansar: uma chita [leopardo] dormia tranquilamente estendida, num dos ramos da árvore. apesar do susto, hoje, até já brinca com a situação: Ela descansou lá no alto; eu descansei cá em baixo.