«O Papa Ratzinger trouxe ao pontificado, na sucessão da grande figura de João Paulo II, o contributo muito oportuno da sua personalidade fortí­ssima, nos aspectos doutrinais e práticos»
«O Papa Ratzinger trouxe ao pontificado, na sucessão da grande figura de João Paulo II, o contributo muito oportuno da sua personalidade fortí­ssima, nos aspectos doutrinais e práticos»O bispo do Porto defende que o actual Pontífice é, indubitavelmente, uma das vozes mais ouvidas e dos pensamentos mais seguidos, por todos os que não desistem de compreender e aprofundar tudo quanto à humanidade respeite. E isto mesmo em tempo de interrogações gerais e desistências múltiplas. No Te Deum do quinto aniversário da eleição de Bento XVI, Manuel Clemente lembra que têm-se sucedido as referências positivas e até laudatórias ao seu exercício de razão, mesmo – e às vezes sobretudo – por parte de pensadores não confessionais.
Uma das marcas do Pontífice é que não ilude a questão, não precipita o argumento, não antecipa a conclusão e não bloqueia a leitura. Para o antigo aluno de Ratzinger, é um exemplo ímpar de verdadeiro diálogo, que acredita na racionalidade comum e oferece ao interlocutor constantes motivos de reflexão e subsídios fecundos para finalmente perceber.
O prelado da diocese portuense garante que ninguém fica defraudado na expectativa ou no tempo que dedique a seguir o magistério de Bento XVI. Muito pelo contrário, terá repetidas surpresas, deparando com ideias singulares e modos originais de apresentar verdades de sempre na linguagem do momento. Numa última referência, Manuel Clemente apontou a lucidez e coerência com que Bento XVI tem abordado matérias sensíveis, como o diálogo ecuménico e inter-religioso ou a vida humana, da concepção à morte natural. E pena é que a agenda e a pressa mediáticas não captem nem transmitam, em geral, a linha de pensamento e argumentação do Pontífice, ficando-se frequentemente por alguma alusão que, tirada do contexto, ocasione ou alimente a polémica, frisou numa crítica à comunicação social.