Em Portugal não há dados concretos sobre a mutilação genital feminina. Em todo o mundo, as Nações Unidas estimam que todos os anos quatrocentos milhões de raparigas sejam sujeitas a essa prática
Em Portugal não há dados concretos sobre a mutilação genital feminina. Em todo o mundo, as Nações Unidas estimam que todos os anos quatrocentos milhões de raparigas sejam sujeitas a essa prática a mutilação genital feminina deve ser considerada uma questão de saúde pública, assim como uma violação dos direitos humanos, no contexto da imigração e deslocações das pessoas, defende Pedro Krupenski, da secção portuguesa da amnistia Internacional. as cinco medidas prioritárias implicam uma base de dados sobre a mutilação genital feminina para se fazer uma fotografia real da situação, revela o responsável à Lusa. O documento apresentado em Lisboa visa considerar esta prática como uma violação dos direitos das mulheres e das crianças, criando mecanismos para as proteger enquanto vítimas ou potenciais vítimas, acrescenta Pedro Krupenski.
É preciso ter esta questão em conta no asilo, pois há casos – e não são tão poucos quanto isso – de mulheres que procuram asilo noutros países para fugir a esta realidade, salienta o responsável da amnistia. a mutilação genital feminina deve ser considerada como um problema a ter em conta nas políticas e nas práticas de cooperação para o desenvolvimento, não só nas relações bilaterais dos Estados mas também nas multilaterais, disse.
as mulheres que vivem em Portugal com mutilação genital feminina precisam de profissionais de saúde que saibam tratá-las, pois não é apenas uma questão de anatomia e de fisiologia, afirma uma responsável da associação para o Planeamento da Família (aPF), outro dos parceiros nacionais da campanha europeia. alice Frade lembra que não podemos olhar para este como mais um problema de mulheres, porque este é um problema de civilização, de direitos humanos. É um problema que exige que as ONG [organizações não-governamentais] reclamem e as entidades implementem medidas para que o fim da mutilação genital feminina aconteça.
Os números de casos são muitíssimo difíceis de obter, porque as comunidades e as pessoas que praticam a mutilação sabem que não o podem fazer em quaisquer circunstâncias ou em qualquer lugar, explica o director-executivo da aI. O número de casos praticados em Portugal é obtido junto das associações da diáspora guineense e dos hospitais públicos, onde chegam os casos que redundaram em infecções ou hemorragias.