“Sede santos! Eu, o vosso Deus e Senhor, sou santo”, lê-se em Leví­tico 19,2). E em São Mateus 5,12: “alegrai-vos e exultai! é grande a vossa recompensa no Céu”
“Sede santos! Eu, o vosso Deus e Senhor, sou santo”, lê-se em Leví­tico 19,2). E em São Mateus 5,12: “alegrai-vos e exultai! é grande a vossa recompensa no Céu” a grande festa de Família que é a festa de Todos os Santos. Celebramos, especialmente, aqueles que já se encontram a gozar da visão beatífica de Deus no Céu. É também a festa dos nossos irmãos e irmãs que ainda estão recebendo no Purgatório a purificação que os tornará totalmente aptos a receber a totalidade da luz-felicidade de Deus no Céu. E, naturalmente, é também a festa de todos os que na terra vivem na graça de Deus, quer dizer todos aqueles e aquelas que têm dentro de si a presença amorosa e activa da Santíssima Trindade.
Mas, o que é a santidade? Que significa ser santo? Ser santo quer dizer viver em união com Cristo, união esta que é produzida pela acção do Espírito Santo de Deus em nós. No indivíduo, a santidade realiza-se por meio do perdão dos pecados (1 Cor 6,11; Efésios 5,25b-26) e a sua consequente reconciliação com Deus (Romanos 5,9; 2 Coríntios 5,18). É Deus que opera esta transformação em nós quando O aceitamos pela nossa fé, e pela sua acção purificadora no baptismo (Efésios 5,26), pelo qual ficamos inseridos na comunidade-família de Deus, a Igreja.
O texto do evangelho é o das chamadas Bem-aventuranças, que poderíamos apelidar de Magna Carta do Reino de Deus na Terra. Cristo, Sabedoria de Deus, declara bem-aventurados, felizes: os pobres, os que choram, os humildes e os que têm fome e sede de justiça; os misericordiosos, os puros de coração, os obreiros da paz e os que sofrem perseguição por amor da justiça; e aqueles que, por pertencerem a Cristo, forem insultados, perseguidos, caluniados e falsamente acusados de toda a espécie de mal. Todos estes, promete Cristo, terão uma grande recompensa no Céu (Mateus 5,1-12a).
Felizes! Bem-aventurados! Todo o ser humano aspira à felicidade. Esta é a vocação que Deus lhe deu: ser feliz. a felicidade do ser humano é o sonho que Deus tem de cada um de nós e de toda a humanidade, sonho que só pode ser estragado pela nossa rejeição de Deus. Rejeitar a Deus é a causa máxima da não realização de toda a criatura. Muitas coisas podem estragar esta felicidade em nós. Dizia Santa Teresa de Ávila: Não deixes que coisa alguma te perturbe, te meta medo: tudo passa, só Deus permanece eternamente o mesmo. a paciência consegue concretizar todos os seus planos. Quem possui Deus, de nada carece, pois Deus é o único necessário. Outro grande cristão, que provou toda a amargura da ausência de Deus, e que depois O encontrou plenamente, Santo agostinho, testemunhava: Fizeste-nos, Senhor para Ti; e inquieto fica sempre o nosso coração até que descanse em Ti!
Chegam continuamente aos ouvidos do nosso coração sugestões imperiosas acerca dos meios para atingir a felicidade. Muitas vezes rondam elas à volta da avareza, da violência e da imoralidade. Mas o cristão que o é, sabe onde está a fonte da felicidade e como atingi-la por meio da sua fé: na vivência das Beatitudes que o Criador proclamou por meio da sua Palavra, o seu Verbo. E por meio desta vivência, podem os cristãos mudar o curso da sua própria vida, da vida de outros indivíduos e grupos, mudar mesmo o rumo da história das sociedades. Se quisermos um exemplo nítido e uma explicação clara destas causas da felicidade, temos o capítulo primeiro do evangelho de São Lucas, versos 46 a 55. Boa leitura!