O continente africano está em melhores condições para aguentar o impacto da crise global. O choque será “grande” e “fortemente sentido” por todos, prevê a economista angolana Fátima Roque
O continente africano está em melhores condições para aguentar o impacto da crise global. O choque será “grande” e “fortemente sentido” por todos, prevê a economista angolana Fátima RoqueNão haja ilusões, advertiu a economista angolana, que fez parte da equipa económica da UNITa, nas eleições de 1992. a crise financeira global e o enviesado modelo neoliberal de desenvolvimento económico geraram ameaças e incertezas. Fátima Roque afirma que são desafios que a actual pujança económica de África terá de ultrapassar para avançar, com firmeza e sucesso, na concretização dos Objectivos do Desenvolvimento do Milénio (ODM).
a economista falou num seminário intitulado ameaças globais: Contributos africanos para uma nova estratégia de desenvolvimento, informa a agência Lusa. a intervenção ocorreu num encontro, em Lisboa, no Instituto Dom João de Castro, presidido pelo professor adriano Moreira. Fátima Roque fez questão de saudar, com especial agrado, a presença na exígua e apinhada sala de conferências de um diplomata angolano, o assessor de imprensa da embaixada de angola.
a profunda crise actual começou por ser financeira e transformou-se por efeito de contágio numa crise económica com consequências sociais dramáticas. Para a resolver, Fátima Roque tem uma tese: através de uma transformação estrutural e sistémica a nível global. Defendeu que só esta resposta será adequada aos enormes desafios do momento único e, ao mesmo tempo, perigoso que estamos a atravessar.
Não vale a pena ter ilusões. O impacto da crise global em África será grande e fortemente sentido por todos, em especial pelas populações mais pobres e destituídas , afirmou Fátima Roque. Entre os efeitos mais gravosos para os 53 países do Continente, a economista destaca as consequências ao nível fiscal e da balança de transacções correntes.
a economista angolana não hesitou em afirmar que o capitalismo, no mínimo, já provou ser um sistema instável e iníquo e que esta é a altura ideal para ser devidamente regulado e cimentado. O barco ainda não bateu no fundo. Precisamos de um novo regime global de regulação de fiscalização e de transparência, mas baseados nos valores e desígnios comuns, insistiu Fátima Roque.
Voltando a África, a economista angolana afirmou com convicção que o continente é hoje olhado menos como um problema e mais como um parceiro político e estratégico. Várias razões contribuíram para esta mudança radical: a coesão institucional através da União africana (Ua) e da NEPaD (Nova Parceria para o desenvolvimento de África).
Fátima Roque quer um investimento estrangeiro em África com ética. Ética para mim são os quatro C: consenso, compromisso, cooperação e coexistência, que terão de ser fiscalizados pela sociedade civil, sublinhou. Quanto a angola: O nosso desígnio é ser uma potência continental. Já o somos a nível regional e seremos uma economia emergente, previu.