Reunidos em Nairobi, os 25 bispos católicos do Quénia lavraram um documento em que se critica a acção do governo em várias frentes. Prelados alertam para a falta de alimentos
Reunidos em Nairobi, os 25 bispos católicos do Quénia lavraram um documento em que se critica a acção do governo em várias frentes. Prelados alertam para a falta de alimentosPartindo da palavra de Jesus, fazei aos outros aquilo que quereis que vos façam a vós (Mt. 7:12), os bispos, liderados pelo arcebispo de Nairobi, cardeal João Njue, insurgem-se contra a indiferença e impunidade reinantes entre os políticos, a quem compete defender e favorecer o povo, especialmente os mais frágeis.
Problemas como a fome e a falta de combustíveis, a impunidade e desonestidade dos representantes eleitos pelo povo, as leis repressivas contra a comunicação social, o caso dos refugiados internos, a crise na educação e assim por diante, fazem prever tempos difíceis. No entanto os parlamentares, em vez de enfrentarem estes problemas, dedicaram-se a passar uma lei que os isenta da taxa sobre salários e outros rendimentos, para além de uma multidão de outros benefícios e regalias.
O documento episcopal cita a doutrina social da Igreja. Quando a autoridade pública não procura nem favorece o bem comum, essa autoridade perde a legitimidade. Sabemos que a voz dos bispos quenianos é um grito no deserto, mas sabemos também que esse grito, como o de João Baptista, pode sacudir o torpor dos poderosos e tornar-se ensurdecedor.
O presidente Mwai Kibaki e o primeiro ministro Raila Odinga andam agora de braço dado. É necessário recordar-lhes a razão por que ocupam a sede do poder. Para já é bom constatar que a Igreja não permanece muda e indiferente perante os sofrimentos de um povo mártir.