«Eu até me comovi quando celebrei pela primeira vez uma missa voltado para o povo e em português», afirma o bispo emérito de Setúbal, recordando estes momentos pós Vaticano II
«Eu até me comovi quando celebrei pela primeira vez uma missa voltado para o povo e em português», afirma o bispo emérito de Setúbal, recordando estes momentos pós Vaticano IIManuel Martins celebrou na igreja de Cedofeita, no Porto e sentiu uma grande alegria, contou à Lusa. a emoção do povo ficou registada no livro do templo.
Foi há 50 anos. a 25 de Janeiro de 1959, o então Papa João XXIII convocou o Concílio Vaticano II, que se veio a realizar três anos mais tarde e viria a terminar em 1965. O fim do uso do latim e a celebração com o sacerdote voltado para o povo foram as mudanças mais visíveis que resultaram dos trabalhos.
Colegialidade, ecumenismo, liberdade religiosa, uma Igreja simples e a comunhão com o mundo eram os grandes objectivos deste concílio, que não está ainda concluído. a Igreja devia funcionar colegialmente, por isso se instituiu o sínodo dos bispos. Mas todos que participam dizem que, aquilo de colegialidade não tem nada, inclusivamente o sínodo não é deliberativo, exemplifica.
O prelado lamenta que se proíba a liberdade de investigação teológica, bem como o facto da Igreja não ter conseguido tornar-se mais simples. Muitas vezes, a Igreja está ausente do mundo, vive muito voltada para dentro e sempre muito sensível a qualquer coisa menos boa que se diga a respeito dela, adiantou.
Moisés Espírito Santo considera que pouco mudou, além das alterações nas missas, uma certa abertura a outras religiões e pequenas mudanças ao nível da formação do clero. O sociólogo em religiões afirma que a Igreja católica está muito agarrada a costumes e dogmas arcaicos de que não consegue sair. Por exemplo, a organização eclesiástica tradicional é muito difícil de abalar.
Por seu lado, a Fraternidade Sacerdotal São Pio X defende que o Concílio deveria ser repensado à luz dos documentos verdadeiros da Igreja e não à luz de uma moda. O padre Daniel critica o facto de, nas missas, o sacerdote não estar virado para o altar.
a missa é um culto de vida a Deus, então temos que nos virar para Deus. Quando oferecemos uma coisa a alguém viramo-nos para ela, é isso que pretendemos, que a Igreja reencontre a sua lógica do culto, do sagrado de Deus, em vez de mudar as coisas para se adaptar aos homens, diz. Segundo este sacerdote da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, a Igreja está a renegar, até certo ponto, as suas raízes com as teses aprovadas no Concílio em 1965.