Belém, Pará, Brasil, 22 de Janeiro de 2009. Leonardo Boff sobe ao palco entre os aplausos da sala completamente cheia do Centro Tancredo NevesBelém, Pará, Brasil, 22 de Janeiro de 2009. Leonardo Boff sobe ao palco entre os aplausos da sala completamente cheia do Centro Tancredo NevesDepois das saudações rituais, o teólogo brasileiro tira o casaco. O aquecimento global está aí, murmura, provocando os sorrisos dos presentes. a ecologia não é processo técnico, explica o teólogo. É uma nova forma de relação. a terra é um super-organismo vivo: a terra é Gaia [planeta terra].
Qual é o papel do ser humano? O homem tem a responsabilidade de defendê-la para poder sobreviver. Chegamos ao limite. a crise financeira , que rebentou em Setembro, encheu as páginas dos jornais mundiais. Nessa altura os cientistas deram a conhecer que o desfrutamento da terra tinha superado 30 por cento dos limites físicos: para viver deste modo são precisos dois planetas iguais à terra.
Boff cita números bem conhecidos sobre a pobreza e sobre a distribuição (injusta) dos recursos. Tudo se tornou mercado: desde o sexo à Santíssima Trindade! Tomemos como exemplo a água: há uma corrida à sua privatização sob os auspícios do Banco Mundial Mil milhões de pessoas não dispõem de água suficiente. No futuro próximo, metade da população mundial poderá ter problemas em aceder a este precioso líquido. a água, elemento natural, tem um carácter espiritual, porque está relacionada com a vida. Podemos aguentar sem comida, mas não sem água.
O teólogo passa em seguida às observações de carácter mais político, não esquecendo de citar Obama, neo-presidente dos Estados Unidos da américa. No sistema político capitalista, a concorrência faz com que alguém vença e os outros percam. Mas, graças a Deus, é possível outra política. Boff recorda os cientistas e prémios Nóbel que estudam e trabalham para dar a conhecer os termos do problema ecológico.
Estudos, dados e números mostram uma posição difícil. Mas, depois de ter descrito a gravidade da situação, o teólogo conclui com uma mensagem de esperança: a situação actual não é de tragédia, mas de crise. a tragédia pode evitar-se com a cooperação, a responsabilidade, o amor.
Salvar o sistema ou salvar a humanidade?, perguntam-lhe. Ocorre superar este modo de produzir e distribuir. Ocorre superar este sistema capitalista. Devemos ser a mosca que incomoda o elefante. Eu penso que podemos viver muito mais com muito menos. Em breve seremos todos socialistas, não por ideologia, mas por matemática! Para inovarmos, devemos ser revolucionários.