O eleitorado que se identifica como católico foi o que mais alterou o seu voto, num aumento de sete pontos, que também fez a diferença para o recém-eleito presidente
O eleitorado que se identifica como católico foi o que mais alterou o seu voto, num aumento de sete pontos, que também fez a diferença para o recém-eleito presidenteÉ a maior alteração do voto de um determinado grupo religioso – os católicos estiveram com Barack Obama, nas eleições presidenciais americanas, entre os 52 e os 45 por cento, segundo números divulgados esta sexta-feira pela revista on-line National Catholic Reporter.
ao microscópio das tendências de voto sobressai um facto: os católicos desempenharam um papel importante e complexo no acto eleitoral de terça-feira passada. Os que se identificam como católicos votaram em Obama, dos 52 aos 45 por cento, um aumento de sete pontos percentuais para o candidato democrata em relação às eleições de 2004, em que o católico John Kerry foi derrotado por George W. Bush. Esta é, assinalam os estudos, a maior mudança no sentido de voto dos crentes de um determinado grupo religioso.
À National Catholic Reporter, um especialista em religião e política, John Green, recusa a ideia de que se verifique uma mudança radical na consciência política dos católicos. Este investigador do Pew Forum on Religion & Public Life afirma: Realmente não me parece um realinhamento. Vejo antes como uma variação sobre os temas existentes, mas sob a mesma estrutura. Só que Obama fez este trabalho para os democratas.
John Green refere-se à paisagem religiosa diversificada, com a entrada de muitos eleitores não-brancos provenientes de diferentes denominações religiosas, que fizeram a diferença para Obama, em relação ao republicano John McCain. Mas, sublinha, há outro aspecto que se verifica nesta votação – o eleitorado que se identifica como católico recusou o apelo de repúdio – com ameaças de pecado grave – que alguns bispos fizeram ao voto em Obama, por este defender a actual legislação em que o aborto é despenalizado.
Os eleitores católicos ignoraram as instruções de um grupo de bispos com voz, regista o padre jesuíta Thomas J. Reese, do Woodstock Theological Center, onde é investigador. Embora esses bispos sejam uma minoria entre os bispos dos EUa, receberam muita atenção dos media, porque os outros bispos se mantiveram calados ou apenas remeteram as pessoas para o seu documento de 2007, sobre Formando consciências para uma Cidadania crente’, explica Reese.