afinal, o que são os Direitos Humanos ou de que Direitos Humanos falamos, sempre que utilizamos expressão “é um atentado contra os Direitos Humanos?”
afinal, o que são os Direitos Humanos ou de que Direitos Humanos falamos, sempre que utilizamos expressão “é um atentado contra os Direitos Humanos?”Numa altura em que a violência terrorista nos faz falar muito sobre os atentados contra os Direitos Humanos, gostaríamos de reflectir sobre esta pergunta. Os não-ocidentais, como eu, ficam com muitas dúvidas quando ouvem falar dos Direitos Humanos, como se fossem uns preceitos catalogados numa espécie de recomendações moseístas, dirigidos unicamente com base no pensamento ocidental ou, pelo menos, de tradição ocidental.
Este condicionalismo transforma muitas vezes os Direitos Humanos num favor que o Ocidente faz ao mundo, ao levar-lhe um hipotético conhecimento sobre o respeito dos Direitos Humanos. Ninguém duvida do bem que o Ocidente fez à humanidade ao levar o conhecimento e a instrução praticamente a todo o mundo.
No entanto, o que já não é claro, é como é que se pode avaliar ou determinar o respeito e o desrespeito dos Direitos Humanos no mundo. Porque é difícil conseguir um consenso sobre o que são ou não os Direitos Humanos, mesmo sabendo que alguns deles são reconhecidos pela ONU. Por exemplo, a imprensa ocidental é intolerante com o trabalho das crianças nos países do terceiro mundo, assim como na China e na Índia. Consideram este trabalho como um atentado aos direitos da criança e consequentemente, como um atentado contra os Direitos Humanos. Em contrapartida, ninguém questiona as enormes filas que tantas crianças ocidentais fazem para castings de televisão, cuja finalidade, além de ser mediática, é simplesmente a conquista do espaço público.
Isto seria o verdadeiro atentado contra os direitos da criança. Está em causa a sua utilização para o protagonismo social familiar, isto é, está em causa a acção intencionada pela parte dos pais de conquistar o espaço público através do protagonismo imagético da criança. Estes pais, contrariamente aos pais das crianças africanas, sul-americanas, asiáticas ou indianas, não precisam do trabalho das crianças para aumentar os dias ou os minutos das suas sobrevivências. Utilizam o trabalho destas crianças para conquistar o espaço público e, consequentemente, fazerem-se figuras públicas ao lado delas. É preciso explicar o que é afinal um trabalho de criança no SUL e não meter no mesmo saco uma luta pela sobrevivência e uma vontade vergonhosa de exploração da mão-de-obra infantil a preço de pobreza.